SXSW 2024: Um banho de humanidade pra começar com o pé direito
Arte e ciência no mesmo patamar
Pra quem veio querendo ouvir respostas, principalmente aquelas relacionadas a AI, talvez a palestra de abertura do SXSW 2024 tenha sido um pouco decepcionante. Mais do que respostas, ela fez voltarmos para uma das perguntas mais básicas da nossa existência: estamos sozinhos no universo?
A poeta Ada Limón foi convidada pela NASA para escrever um poema que vai ser lançado ao espaço em outubro de 2024, na missão Europa Clipper. O objetivo da missão é explorar a lua de Júpiter, um local que tem todos os ingredientes para encontrarmos algum tipo de vida fora da terra. Assim, a nave vai enviar diferentes tipos de mensagens da terra para fazermos “contato” com nossos amigos Extraterrestres.
Mas o que escrever em uma poesia que vai para o espaço? Para quem estou escrevendo? Como a poesia pode nos ajudar a navegar nos mistérios do espaço e nas questões da humanidade? Essas foram algumas das perguntas que fizeram parte do processo criativo da Ada, que inicialmente “travou” com um projeto tão grandioso como esse (quem nunca, não é mesmo?).
Mas escrever poesia não é sobre trazer respostas. Pelo contrário, ela trabalha no campo do desconhecido, do subjetivo, da sensibilidade. Segundo ela, quando você começa um poema, você nunca sabe onde ele vai terminar. É um processo de entrega total ao momento, de abraçar o mistério. Você começa com perguntas e acaba com ainda mais questões.
E é aqui que a relação entre arte e ciência se aproxima.
A ciência também é mais sobre perguntas do que respostas. Sobre a busca eterna de entender os mistérios do planeta, sobre se jogar no escuro atrás de uma hipótese e começar a explorar sem saber onde vai chegar. Não é sobre arte VS ciência, mas sim como elas caminham juntas para a evolução da sociedade.
Para Ada Limón, a poesia é uma maneira de se reconectar com a humanidade e com a natureza, de se sentir pertencido pelo mundo, não pelas pessoas. E foi sobre isso que ela decidiu escrever. O melhor caminho a seguir era falar para o espaço das maravilhas da terra (ouça o poema aqui). Afinal, de acordo com todo cientista da NASA, a Terra é o melhor planeta do universo (apesar de parecer que às vezes não valorizamos tanto isso).
E foi sob as belezas e sutilezas da terra e dos humanos, ao lado da ciência e magia do espaço e da NASA, que o festival foi oficialmente aberto.
Trazendo uma intersecção e correlação entre arte e ciência que ainda tem muito a ser explorada, mas que nem sempre é valorizada. Essa abordagem mais ampla e filosófica pode ter decepcionado alguns, mas acho sempre válido relembrarmos as emoções e conexões que nos fazem humanos.
Na era da AI, não ter todas as respostas pode ser decepcionante, mas é essencial.
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