Cannes Lions 70: a edição mais brasileira de todas
Além dos ótimos resultados, conquistamos espaços e ajudamos a redesenhar o festival com alegria e força coletiva
Eu não poderia chamar a 70ª edição do Festival de Cannes de a mais brasileira de todas olhando apenas as métricas principais e tradicionais das notícias como o ranking do número de Leões, número de jurados, presidentes de júri, número de inscrições ou um recorte parcial, qualquer que seja. Ainda que seja importante a gente reconhecer o valor dos 92 Leões conquistados esse ano, um aumento expressivo em relação ao ano passado (foram 70), ainda que seja ótimo nosso corpo de 26 jurados significar um aumento de 6 sobre 2022, arrisco dizer que essa edição foi a mais brasileira de todas pela presença contagiante da alma brasileira que permeou o Festival como um todo.
Pra citar alguns momentos mágicos além da entrega dos Leões, no palco do Palais, aconteceu a conversa de botequim sobre a favela potente na palestra de Celso Athayde e Sergio Gordilho, com foco na capacidade de produção da favela e um olhar para além do poder de consumo. Tivemos a apresentação surpresa da bateria do Acadêmicos do Baixo Augusta, na Croisette, e depois em um evento no terraço do Palais, com Simoninha e Jair Oliveira. Vimos a Rafaella Braga pintando este mural lindíssimo. Pudemos nos juntar como coletivo feminino em vários momentos a convite do MoreGrls, onde criativas e líderes do marketing puderam se conhecer, encontrar e se reencontrar. Nos emocionamos com o discurso sempre forte e no mais elegante verde-amarelo da rainha Samantha Almeida, que nos trouxe a reflexão da diferença em falar sobre uma comunidade e falar com esta mesma comunidade, e ainda sobre estarmos diante da última geração “dos primeiros”. E falando nisso, teve ainda o primeiro Leão brasileiro com direção de criação assinada por uma profissional negra, a Gabi Moura, e a presença iluminada da Dani Mattos, sócia e cofundadora do “Indique uma Preta” e embaixadora do “Cannes Can Diversity Collective”, que contou um pouco da sua experiência por lá e como se espalhou lindamente pelos espaços que pôde estar.
Ou seja, o Festival de Cannes nunca foi tão brasileiro, a meu ver, justamente por essa combinação única do “quê” com o “como” que nos é tão característica. Temos ótimos resultados, mas mais do que isso, a forma como estamos conquistando espaços e ajudando ativamente a redesenhar um Festival de 70 anos, com alegria e força coletiva, unindo o legado e a potência das novas gerações para um futuro em que a propaganda é ainda mais relevante, é o que me deu mais orgulho de ser brasileira nessa última semana.
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