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Web Summit 2023 – Rio: Do etéreo ao concreto – evento discute evolução e aplicabilidade da IA generativa
Um paralelo do evento de 2021 com 2023 e o que mudou
Neste ano, mais uma vez, tive o prazer de estar no Web Summit, conferência de tecnologia anual que reúne milhares de participantes, incluindo empresários, investidores, startups, empresas de tecnologia e especialistas em diversas áreas para discutir as tendências e inovações do setor. Pela primeira vez, o evento aconteceu também no Rio de Janeiro.
Tenho refletido bastante a respeito de todas as edições que acompanhei. Em 2021, o que mais me marcou – e que teve grande visibilidade – foi o metaverso – um tema ainda embrionário na época. Tudo o que era discutido tinha um quê de etéreo e pouco concreto. Os exemplos que eram trazidos pelos palestrantes pareciam vagos, afinal, não era algo que estava sendo amplamente implementado, e nem com tanta facilidade. Poucos profissionais, inclusive, eram capacitados para colocar aquele conceito em prática. Além disso, o diálogo era complexo, ainda distante, e concorria com a “hype” das NFTs (“Non-fungible Token”) que, em tradução livre para o português, significa tokens não-fungíveis. Tinha lá sua graça em comprar imagens digitais, um ou outro conceito de aplicação em locação de bens ou no mercado secundário de ingressos – que até hoje me parece uma das aplicações mais interessantes que já vi, talvez porque eu seja um consumidor desse mercado de shows e festivais. Mas parecia sempre um esforço genuíno, da plateia ou dos palestrantes, tentar colocar o conceito de pé.
Em 2023, o grande assunto nos palcos foi a inteligência artificial generativa. Um tema já amplificado e pude notar que os palestrantes tinham mais facilidade para explicar, exemplificar e, principalmente, trazer para a realidade do dia a dia das mais diversas áreas de atuação. E mesmo na platéia sempre alguém já tinha testado ou mesmo utilizado em algum momento das suas tarefas do dia a dia. Seja um jornalista, um desenvolvedor, profissional de marketing, escritor, ou qualquer pessoa que tentou usar a tecnologia, certamente foi capaz de compreender como a IA está sendo explorada em diferentes campos e atividades e como ela pode se tornar ainda mais acessível às pessoas. Hoje, boa parte das minhas pesquisas já são via ChatGPT e não mais no Google (eu não achei que viveria pra ver isso).
É aí que eu vejo o grande trunfo da massificação da tecnologia: sua real utilidade no dia a dia das pessoas.
Aplicabilidade da IA nas áreas
Abaixo elenquei algumas das muitas maneiras pelas quais as empresas podem se beneficiar da inteligência artificial generativa em suas operações para otimizar processos e comunicação com seu público.
A Daniela Braga, da Defined.ai, e o Fernando Machado, da Not.co, falaram a respeito das oportunidades de IA para criar/imaginar cenários do produto. Que essas áreas precisam aprender a trabalhar com IA porque elas falam muito com a nova geração. Eles apontaram estarem otimistas pelo que vem por aí, mas ao mesmo tempo há uma preocupação de um desenvolvimento muito rápido, porém pouco pensado.
A IA foi discutida bastante também quando o assunto era o uso do “ChatGPT” para a criação de textos. Como isso afeta o trabalho do jornalismo, por exemplo, e produção de conteúdos, de quem é a autoria desse conteúdo.
Outro exemplo é o de artistas criando músicas e composições por meio de Inteligência Artificial simulando a voz de cantores como Drake e The Weeknd.
O fato é que as possibilidades são infinitas e os profissionais dos mais variados segmentos ainda estão testando o recurso e entendendo como a inteligência artificial generativa funciona e como poderia auxiliá-los no dia a dia. Enquanto aprendemos um pouco mais sobre essa tecnologia a cada dia, existem outras que já estão no mercado há mais tempo, são importantes e já estão revolucionando segmentos, como é o caso da videotelemetria na gestão de frotas. A combinação de IoT, IA e ciência de dados que pode tornar as ruas mais seguras e reduzir custos das empresas.
De toda forma, o cenário não é apocalíptico para os empregos, a IA não vai “roubar” o trabalho das pessoas, mas pode ser uma boa alternativa para automatizar processos. Novas funções vão surgir e skills de tecnologia possibilitarão boas oportunidades nesse cenário. O que deve acabar são as funções repetitivas, transacionais, que demandam pouco do intelecto ou da criatividade. Isso tende a tornar as pessoas mais capazes de gerar valor e o trabalho ser mais “qualitativo”.
Esse tipo de impacto no modo de trabalho é algo que já aconteceu com as automatizações fabris. As pessoas tiveram que aprender novas funções e deixar para as máquinas as funções braçais. O importante é que os Estados entendam isso e sejam capazes de fomentar o desenvolvimento dessas novas habilidades nas nossas gerações que virão.
O ideal é que sempre tenha um ser humano por trás das tecnologias para validá-las. Durante o evento, escutei de mais de um painelista que a tecnologia será nosso co-piloto, ou seja, não trabalhará 100% sozinha, mas sim, com apoio das pessoas.
O futuro do IoT para as operações logísticas
Outras tecnologias foram abordadas no Web Summit, inclusive de um ponto de vista mais técnico. Parker Treacy, CEO e cofundador da Cobli, liderou uma mesa de discussão para falar sobre internet das coisas (IoT) e sua importância para conectar as frotas no mundo online. Inovações na tecnologia ganham cada vez mais destaque para aperfeiçoar as condições de segurança no trânsito e oferecer dados que orientem melhor os motoristas na conduta correta de direção.
Os participantes também aproveitaram o momento para tirar dúvidas sobre edge computing (computação no dispositivo), machine vision (reconhecimento de coisas via imagens, e o streaming de dados (emissão de dados via rede celular). Percebo que no caminho para um ecossistema tecnológico robusto, a logística tem muito para construir com esses três componentes citados.
Portanto, a minha participação no Web Summit deste ano mostrou mais uma vez a importância da tecnologia e suas inovações para as empresas em diferentes segmentos. Seja no uso da inteligência artificial generativa para otimizar processos e comunicação com o público, na aplicação da IoT para melhorar a segurança no trânsito, ou em outras tecnologias que ganham cada vez mais destaque, fica claro que a tecnologia tem muito a oferecer. No entanto, é crucial que a implementação seja feita com ética, transparência e muito bem planejada. Para o futuro, há um risco das IAs criarem conteúdo a partir de conteúdos já homogeneizados pelas próprias IAs. Um lugar onde qualidade e volume caminham em sentidos opostos. Cabe a nós, usuários e empresas, garantir que ela seja usada para o bem comum, com consciência e parcimônia.
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