Web Summit 2023 – Rio: As startups brasileiras de MedTech e suas soluções inovadoras
Reflexões sobre o desenvolvimento de tecnologias com alto potencial de impacto social
O primeiro Web Summit realizado na América do Sul, logo no Rio de Janeiro, reuniu milhares de pessoas entre 1 e 4 de maio. O evento é conhecido como o maior encontro de tecnologia, empreendedorismo e inovação do mundo, e ocorre anualmente em Lisboa e Toronto (Collision), seguindo a proposta de reunir líderes, empresários, investidores e startups para discutir os avanços tecnológicos e como eles podem impactar positivamente a sociedade. Para isso, o evento conta com palestras, debates, workshops e exposições.
Apesar do line-up de palestrantes contar com personalidades incríveis e de “alto calibre”, dediquei boa parte do meu tempo a conversar com aqueles que estavam lá para apresentar suas startups. Com certeza, uma das coisas mais interessantes que vi foi a quantidade de empreendedores brasileiros presentes no evento. Sempre admirei a determinação desses empresários em se aventurar no ramo do empreendedorismo, especialmente no Brasil – um país com tantos problemas a resolver e onde, talvez por isso, empreender é uma tarefa complexa.
As startups com propósito de impacto social têm se destacado no cenário empreendedor, buscando soluções inovadoras para problemas sociais, econômicos e ambientais. Essas empresas têm uma visão de negócio que considera a geração de lucro como um meio para alcançar um fim maior, que é gerar um impacto positivo na sociedade. Duas empresas, em especial, me chamaram muito a atenção. São startups brasileiras do ramo da saúde, no meio de vários outros negócios que falavam sobre growth marketing, automação de processos ou machine learning e inteligência artificial.
As startups de medtech são empresas que utilizam tecnologia para criar soluções que ajudam no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças em diferentes níveis. O setor vem se expandindo nos últimos tempos devido à necessidade de inovação na área da saúde e da busca por soluções mais acessíveis e eficientes. Segundo o relatório da Inside Venture Capital (2021), o Brasil tem o maior mercado de saúde da América Latina, com mais de U$42 bilhões de gastos com saúde privada por ano, o que coloca o país em posição de destaque para esse tipo de investimento. Em 2021, os investimentos em empresas de tecnologia médica superaram a marca de R$600 milhões. Além disso, o setor apresenta grandes oportunidades para empreendedores que querem ajudar a melhorar a saúde e a qualidade de vida das pessoas, e gerar impacto positivo na sociedade.
A BIOLINKER era uma das medtechs presentes no Web Summit Rio na terça-feira (02/05). Ao expor alguns frascos em seu espaço, ela chamou minha atenção. A dra. Mona Oliveira, CEO, foi muito paciente em explicar a proposta da medtech – aplicar engenharia genética para a produção de proteínas em laboratório, que podem ser utilizadas de diversas formas. Uma das aplicações, talvez a mais importante da empresa até o momento, ocorreu durante a pandemia do Covid-19, quando reproduziu as proteínas do vírus, colaborando em um momento importante para diagnóstico, vacinas, estudos e caracterização da doença.
Já na quinta-feira (04/05), conversei com a Regina, representante da Eva Scientific. Com referências bíblicas, a empresa é uma das poucas no Brasil que produz colágeno para medicina regenerativa e busca se tornar uma referência mundial no meio. No stand, a diretora apresentou dois produtos que desenvolve – o colágeno em estado líquido e a biomembrana. Essa última é um produto que se propõe a auxiliar no tratamento de lesões cutâneas e já possui aplicações em animais domésticos e em humanos. A ambição da empresa é alta: revolucionar a medicina através da engenharia de tecidos, criando órgãos que possam ser transplantados para humanos.
Com todo meu desconhecimento sobre o assunto, achei impressionante o fato de que essas empresas, que ocuparam um pequeno espaço dentro de um mega-evento de tecnologia, conseguiram competir em pé de igualdade com concorrentes internacionais, desenvolvendo soluções avançadas, atuando em conjunto com instituições de pesquisa e regulatórias, e já tendo aplicações reais em alguns casos. Seria muito interessante ver as contribuições que essas empresas podem realizar com ainda mais espaço para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Acredito que esses empreendimentos têm muito a contribuir para a inovação e o desenvolvimento tecnológico na área da saúde. Além disso, é importante garantir que tenham mais espaço no mercado, para que possam compartilhar seus conhecimentos e soluções inovadoras com um público ainda mais amplo. Vale destacar também a importância de investidores lançarem um olhar mais atento às iniciativas de startups brasileiras que desenvolvem tecnologia com alto potencial de impacto social, seja desenvolvendo proteínas do vírus COVID-19, seja desenvolvendo biomembranas para tratar diversas lesões cutâneas. Afinal, são elas que merecem todo o apoio e incentivo possível.
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