Web Summit 2023 – Rio: Além da biometria: os caminhos e o impacto da falta de processos digitais no Brasil

O Brasil de hoje é mais digital do que nos últimos anos – 84,7% das pessoas estão conectadas à Internet, aponta o IBGE – e é também o 2º país com mais fraudes online no mundo, atrás apenas do México. Onde muitos enxergam problemas, aponto oportunidades. A começar por entender que o ponto de acupuntura, ou seja, por onde devemos começar para pender para o positivo a balança da digitalização, passa por simplificar o processo de provar que você é você no Brasil. E não se trata de descomplicar e perder a segurança. Não faria sentido. Neste mundo digital, no qual estar online não é mais novidade, e sim, obrigação, avançarmos com o uso da Identidade Digital por biometria facial é a solução para melhorar a experiência do usuário e aumentar a confiança na relação entre pessoas e empresas.

Basta olharmos para nosso dia-a-dia: o processo de comprovar quem somos é ainda marcado por muito papel, burocracias e tempo e dinheiro perdidos. Quem nunca teve de autenticar um documento no cartório, enviar fotos de documentos ao adquirir um automóvel ou preencher cadastros em lojas virtuais para uma compra ou um serviço? O estudo “Custo Brasil da Identificação”, encomendado pela Unico à FGV, traz em números o que antes era uma percepção: os brasileiros desperdiçam R$ 174,2 bilhões por ano pela falta de métodos digitais de identificação. Isto equivale a cerca de 2% do nosso PIB ou um gasto anual por pessoa entre R$ 497,00 e R$ 830,00 para se identificar, ser contratado em uma empresa, ter acesso a produtos e serviços ou até mesmo exercer a própria cidadania.

É a ineficiência aplicada no cotidiano e com a fatura alta. O Brasil perde até três vezes mais com a falta de processos digitais de identificação do que a economia esperada com reformas importantes, como a Previdenciária ou a Tributária. Na era da digitalização, tecnologias de identidade digital que sejam seguras e privacy-first são oportunidades para melhorar a performance dos negócios, ampliar o acesso a produtos e serviços e empoderar os cidadãos.

É focar na oportunidade ao invés do problema, que paralisa. Investir em identidade digital é um caminho para impulsionar o desenvolvimento do país de maneira ampla. A futurista Amy Webb apresentou, durante a edição deste ano do South by Southwest (SXSW), que a maneira como consumimos os dados deve mudar radicalmente com a Web 3.0, trazendo uma revolução que já está acontecendo na área de inteligência artificial. Saúde, alimentação, cadeia de suprimentos, jornalismo e energia serão algumas das indústrias que irão ver o uso da Web 3.0 se expandir e novos recursos surgir nos próximos anos. E a identidade digital será a chave de desenvolvimento neste cenário e a alternativa para que tudo isso funcione.

A tendência, diz Ammy, é que as pessoas exigirão métodos de identificação e formas de validar transações cada vez mais eficientes e ainda mais seguras, ficando com as empresas o papel da capacitação e do fornecimento destas ferramentas de forma simples e sem atritos.

A edição do relatório Technology Vision, da consultoria Accenture, caminha na mesma direção e aponta a identidade digital como uma das quatro principais tendências para o futuro dos negócios. A autenticação de usuários e ativos digitais é vista por 85% dos executivos como um imperativo estratégico de negócios e não mais uma questão apenas técnica.

Pelo fato de nunca termos visto a identidade digital como um fator essencial, tivemos que encontrar outros caminhos para nos identificar (por exemplo, por meio de documentos físicos ou digitalizados em nosso celular ou e-mail). No entanto, atualmente, temos mais conhecimento e uma tecnologia que não para de evoluir, podemos escolher melhor e promover a equidade e a conectividade a todos os indivíduos de uma maneira muito mais ampla e acessível.

À medida em que encontramos exemplos positivos de avanços tecnológicos, como faz a Estônia, no Leste Europeu, é possível imaginar um futuro que começa a ser mudado nos dias de hoje. A identidade digital é a oportunidade de contribuir com a ampliação do acesso das pessoas a milhares de oportunidades, além da preservação dos nossos direitos, da proteção de nossos dados, da nossa privacidade devolvendo a cada cidadão o protagonismo e a autonomia sobre seus dados pessoais. Posso assegurar que na Unico, e em sinergia com nossos clientes, estamos dando passos firmes em direção a um mundo de “calças sem bolsos”, onde se identificar será simples, seguro e confiável.

---