Web Summit 2023 – Rio: Três perguntas sobre o evento
Reflexões sobre questões proporcionais ao tamanho da conferência
Se vocês está neste artigo já sabe que rolou entre os dias 01 a 04 de maio o Web Summit 2023 e que o evento reuniu cerca de 20 mil pessoas, de 91 países, com muitos investidores e startups do mundo todo, também que foi caótico, que a curadoria foi boa mas não dava pra aprofundar, que por ter muita gente dava pra se conectar com muita gente boa e que por ter muitas coisas acontecendo o planejamento de agenda acaba com a notificação sendo ignorada.
Se você já sabe isso quero te contar três perguntas com as quais saí do WSR e não sei se serão respondidas nos próximos ‘summits’ da vida que eu acompanho, mas vamos lá:
ChatGPT é o novo bombril?
Nosso amiguinho foi o mais citado entre as palestras, painéis e arrisco dizer conversas das enormes filas para comer, o que já era esperado. O queridão foi mencionado em diversas áreas e tinha quem o defendia e quem era contra, ou seja, ele tem mesmo esse poder de impactar várias áreas conforme está sendo amplamente difundindo e poderia então ser usado para 1001 utilidades. O ChatGPT está em um nível tão bombril que era possível ver alguns stands divulgando “tenha seu próprio ChatGPT” ao invés de falar IA que pode ser um nome não muito utilizado, assim como esponja de aço.
Diversidade e Inclusão é só no discurso?
Não quero polemizar o fato da porcentagem de pessoas negras serem bem minorias, ainda que trouxeram a Ayo Tometi, uma das criadoras do Black Lives Matter – que foi sensacional e foi sensacional também o fato de termos muitas mulheres fodas em todos os palcos -, mas precisamos falar também sobre a diversidade (ou falta dela) do público nestes momentos. Nas palestras de empoderamento feminino basicamente a plateia era composta por mulheres e, nas poucas palestras sobre empoderamento de pessoas pretas, o público basicamente eram os pretos. Muito de ambos os públicos já são engajados nas causas e o ponto que quero questionar é: isso não seria evangelizar quem já é evangelizado? Eu sei que muitas vezes a gente quer muito prestigiar quem está ali, que chegou aonde chegou e não foi à toa, mas talvez não seria interessante que nestas plateias tivessem pessoas que realmente precisassem aprender com aquilo?
Ainda sobre inclusão, precisamos falar sobre o Inglês. O Brasil é um país onde 5% das pessoas falam inglês onde 3% se dizem fluentes. Acreditar que todas os brasileiros fluentes estariam no Rio Centro era uma aposta arriscada e estabelecer que todos os conteúdos fossem em inglês foi uma barreira para incluir mais plateia brasileira nos conteúdos, pois a sensação era de as pessoas mais tentavam traduzir e que tentar entender o que a pessoa queria falar.
Em meio a tanta tecnologia, ser humano é um diferencial?
Muitos dispositivos foram apresentados, muitos robôs eram vistos pela feira, mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de ver no rosto das pessoas o semblante de quem está gostando de estar presencialmente naquele local, de encontrar as pessoas que só conheciam online ou conhecer novas pessoas. Nesse setor em que muitos trabalham em home-office/híbrido, o presencial parece ser mais valorizado, e as pessoas ainda que enfrentem filas gigantescas para tudo, veem positivamente o evento porque no final o relacionamento entre pessoas é o grande diferencial do que já fazemos no dia a dia.
A minha analise é que o evento realmente veio pra ser grande no Brasil, foi bem estruturado, mas tem algumas coisas que podem ser tropicalizadas para que ele seja melhor aproveitado pelo público LATAM. Ano que vem a gente vê como vai ser e eu tento responder essas perguntas e espero sair de lá com outras. E você? O que achou do Web Summit Rio 2023?
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