Web Summit 2023 – Rio: Elevar o Brasil ao estágio de inovação que merece
Com primeira edição na América Latina, Web Summit Rio traz importantes discussões e inovações em diversas áreas durante quatro dias e com mais de 21 mil participantes
Falta muito ao Brasil para acompanhar o progresso tecnológico. Somos ainda o 54ª na lista de países do Índice Global de Inovação, entre o Irã e a Sérvia, atrás de Chile, Vietnã e Ilhas Maurício. É preciso atrair mais investimentos, capitalizar startups, expandir infraestrutura, fortalecer a segurança cibernética e a inteligência artificial e blockchain. Esta última, por exemplo, tem crescimento promissor, com soluções em diversas áreas, desde serviços financeiros até a gestão de cadeias de suprimentos e rastreabilidade de produtos, responsáveis por reduzir custos e aumentar a eficiência e transparência. Porém, nenhum desafio supera o da educação. E este assunto norteou muitas pautas no Web Summit Rio, evento com 21.367 participantes, 506 investidores, 400 palestrantes e 974 startups representando 28 indústrias de 42 países, segundo dados da organização. Tão grande quanto a ansiedade para a próxima edição.
Neste mar de gente, estudantes. Muitos. Hiperconectados, sedentos por novas tecnologias, plurais. Aqui se percebeu, de forma nítida, uma presença mais forte de mulheres em tech e número crescente de empreendedoras. Reflexo dos dados da última pesquisa do Caged, na qual aponta crescimento de 60% na participação feminina no mercado de Tecnologia da Informação, de 2017 a 2022. Que bom! Quando inovações saem de mentes homogêneas demais, elas fatalmente não atenderão a todos os anseios de um público tão variado.
Alunas de Ciência da Computação da CESAR School, bolsistas do Fundo Educacional da instituição e ex-estudantes impactadas por projetos educacionais da escola de inovação do CESAR participaram de ações sociais e painéis temáticos dentro do Web Summit no Lounge Women in Tech, patrocinado pelo Branco do Brasil. Entre as discussões, o papel da mulher no empreendedorismo tecnológico e a importância de inspirar as meninas a seguir carreira na TI.
Apesar do otimismo com o aumento da participação feminina, a realidade ainda está longe do equilíbrio: as mulheres representam apenas 20% do total da mão de obra no setor e estão à frente de menos de 5% das empresas de tecnologia no país. Para tirar os freios do avanço tecnológico no Brasil, é preciso lidar seriamente com este problema de diversidade e com a democratização do acesso, além de outros já conhecidos desafios em educação, como a falta de investimentos, estrutura, capacitação de professores e desigualdades regionais. Tudo isso exige grandes esforços coordenados em um país com uma grande comunidade de desenvolvedores de software talentosos e empreendedores inovadores.
As lideranças precisam estar preparadas e capacitadas para lidar com as novas ferramentas. Vejamos o caso do ChatGPT. Do ponto de vista de autoria x plágio, ainda vai exigir muito debate e análise. Mas o caminho passa pelo desenvolvimento do senso crítico, da capacidade de pesquisar e questionar, de aprender a aprender. A tecnologia pode ser forte aliada no ensino e aprendizado, embora hoje ainda estejamos com mais perguntas do que respostas sobre o futuro.
E é justamente em um ambiente de incerteza onde a possibilidade de rupturas é maior. A tal palavra, tão presente no vocabulário das empresas, não pode ser um mero jargão, e sim expressar a real competência e capacidade de mexer com as estruturas nos diferentes segmentos. É desestabilizar mercados estabelecidos usando tecnologia para ressignificar a concorrência, criar algo mais simples e barato para torná-lo acessível a mais pessoas. Aqui no Web Summit, vemos o surgimento de novos modelos de negócios, com ideias inovadores para bens e serviços.
As pessoas são ensinadas a ter aversão ao risco, especialmente os executivos. Mas não fazer nada num cenário de muita mudança pode ser um risco ainda maior, pois as tecnologias digitais aceleraram a si mesmas e quem não acompanhar ficará para trás.
Elevar o Brasil ao estágio de inovação que merece não é tarefa fácil. Mas certamente não é tarefa de um só. É necessário atuação mútua, e cooperação de vários agentes, para elevar a barra e mudar efetivamente o nosso futuro. Sem dúvida, a realização de um evento como este traz um grande holofote para o nosso país e provoca bastante reflexão no sentido de que precisamos avançar ainda como um grande ecossistema de inovação. Mas já foi um passo enorme e esperamos que as próximas edições no Brasil fortaleçam ainda mais nossa economia e nos ajude a inserir o país no lugar de pioneirismo que ele merece.
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