Web Summit 2023 – Rio: O Futuro do Futuro

Confesso que me dirigi ao primeiro dia do meu primeiro Web Summit sem ter uma ideia clara da proporção da estreante edição brasileira do evento. Sabia, evidentemente, do lineup de peso, da estrutura robusta e da alta expectativa da comunidade de inovação brasileira para os três dias de conteúdo que vinham pela frente. Chegando ao Rio Centro, me deparo com um verdadeiro mar de gente – aproximadamente 20 mil pessoas, de todos os cantos do país e até mesmo de outras partes do mundo. Lá dentro, quatro pavilhões organizavam a dinâmica desse evento que, de tanta procura, teve seus ingressos esgotados semanas antes do seu início. Guardadas as especificidades de interesses individuais, a primeira pergunta que me veio à cabeça foi: “o que será que essa gente toda veio procurar aqui?” Rapidamente, em minhas primeiras horas circulando pavilhões adentro, a primeira resposta: todas estavam lá pra sentir o gostinho do futuro.

A menos que seja baseado em ciência e pesquisa, claro, qualquer exercício de futurologia ou previsões pode soar limitante, ao menos em um primeiro momento. Mas é inegável que nossa curiosidade (e até ansiedade) individual e coletiva sobre o amanhã guie hoje boa parte da lógica corporativa. Pensar sobre a próxima tendência, sobre a próxima onda tecnológica, sobre que comportamentos vão guiar os desejos de consumo nos próximos anos já não é apenas um componente “nice to have” da bússola dos negócios – é questão de sobrevivência. Separa dos demais quem sairá na frente, quem conquistará o maior número de clientes, quem atrai os melhores talentos.

Vi marcas falando sobre o futuro da educação e sobre como essa é uma área que vem se transformando de forma exponencial, especialmente no que diz respeito a novas metodologias; empresas do mercado financeiro falando sobre o futuro da economia, futuro do dinheiro, o dinheiro digital, os próximos passos do pix; fabricantes de carro falando da evolução da mobilidade, do carro elétrico e de toda a infraestrutura necessária para viabilizar essa verdadeira revolução. Empresas de energia mostrando como pretendem criar um sistema mais limpo e escalável para abastecer essa demanda; e, claro, presentes em praticamente toda a discussão, estavam as tecnologias que permeiam essa transformação como elementos chave, como a tão comentada inteligência artificial.

Independentemente do recorte, saio do evento com a sensação de que mais do que qualquer insight ou conclusão, o ponto alto aqui foram os questionamentos que ficaram em aberto, sem resposta. O simples fato de estarmos discutindo tantas possibilidades, nos questionando sobre os seus desafios, tentando entender o que de fato vingará e o que parece mais limitado a uma visão aspiracional, se estamos preparados para o que está por vir, para onde é importante que estejamos olhando, é o que nos movimenta enquanto indivíduos e organizações e faz com que a inovação aconteça. Nosso grande interesse enquanto humanos em conseguir vislumbrar o futuro com a maior clareza e precisão possíveis traz algo que pra mim é uma das mais interessantes contradições desses tempos: nesse processo de testarmos e imaginarmos hipóteses para os dias que nos aguardam lá na frente, à medida que chegamos às respostas, mudam as perguntas.

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