Web Summit 2023 – Rio: Promessas de “Inovação à beira-mar”, cultura tech e proteção à Nave-Mãe Amazônica
Destaques inspiradores e norteadores do que vi no primeiro dia no evento
Após ter cruzado duas vezes o Atlântico exclusivamente para conferir Web Summit Lisboa, a expectativa para experimentar a versão tropicalizada de um dos maiores eventos de inovação do mundo, em terra nacional, era grande. Enfim, estava dentro do Web Summit Rio. E olha, que o Rio e o evento, sem nenhuma dúvida, continuam lindos.
Durante a abertura, destaco as falas de Luciano Huck e Eduardo Paes. Nomes que são, independentemente de outras agendas, exemplos de sucesso em criatividade, gestão/liderança e capacidade de atrair investidores, portanto, conectar pessoas e empresas.
Day One | Chamada à Inovação (perene)
A apresentação começou com o tradicional Pitch de Startups, as empreendedoras e empreendedores falaram para uma audiência de mais de 5 mil pessoas sobre seus negócios e como pretendem disruptar em seus campos de atuação. O pitch trouxe à tona os times da Inplanet, Bud, Tipspace, Latú Seguros, NG Cash e Gringa. Vale a pena conferir.
O prefeito do Rio fez uma promessa ousada para a plateia: “transformar o Rio na capital de inovação da América Latina”, afirmou. Paes endossou que o capital carioca já é um lugar que respira inovação. E realmente, o tracking record da cidade maravilhosa é inegavelmente disruptivo – em amplo sentido do termo: lar do Samba, da Bossa Nova, de inúmeros outros movimentos e criações literárias e artísticas, segundo Paes, agora (a prefeitura da) cidade está investindo em Educação e Tecnologia para que investidores encontrem na região os melhores talentos – além de um espaço propício com incentivos para o empreendedorismo. Eduardo Paes finalizou dizendo que “as paisagens do Rio e a qualidade de vida podem ser um incentivo extra para que isso aconteça”.
Brinquei no título com o conceito de “Inovação à Beira-Mar”, propondo uma conexão simples e saudável entre as falas de Eduardo Paes e o livro de Ruy Castro: “Metrópole à beira-mar”, uma maneira de mostrar o quão vocacionado para o “novo” é o Rio e a sua cultura inconfundível.
Muito além de Soft (Power) + Black & Live Matters
Outro destaque do Day One foi a troca de ideias, conceitos e experiências de vida entre Maju Coutinho e a Ayo Tometi, fundadora do Black Lives Matters. Me chamou à atenção a fala de Tometi afirmando que “a maior conquista do movimento #BLM foi ter fomentado uma nova consciência na sociedade americana, e por consequência, ter gerado (alto) impacto para diversos setores. E mais: opções realistas de mudanças em vários aspectos e camadas da trama étnica dos EUA (chegando a vários lugares do mundo pelas Redes Sociais), resvalando em agendas de Equidade de Gênero, Justiça Social e outras cocriações inspiradas e provocadas pelo movimento”.
O encerramento da conversa entre Maju e Ayo trouxe a poderosíssima e poética convocação da ativista, afirmando que “a coragem é contagiosa… E estar perto de pessoas como a Maju Coutinho é uma honra”, disse Tometi. Arrepia e eleva o espírito ouvir algo assim, tão belo e civilizatório na mesma medida.
Amazônia: Nave-Mãe da Terra, dos Seres e dos Futuros da Inovação
Txai Surui, a ativista da amazônica que se tornou conhecida em todo o planeta após o seu discurso em defesa da maior floresta tropical do mundo, na COP26, que ocorreu na Itália, em 2021, também foi um dos grandes destaques do Day One do Web Summit Rio.
Ao subir no palco, a jovem e líder indígena de apenas 24 anos explicou a importância de se defender a Amazônia em um evento de Tecnologia. E reforçou: “Estamos vivendo uma das maiores crises do clima da história humana e do planeta. Por isso não podemos esquecer que a Amazônia é um dos símbolos mais potentes para a preservação de tudo o que está na base da Modernidade, ou seja, no seio de nossa existência, passando pelos recursos tecnológicos dos quais necessitamos, enraizando-se a tudo o que permeia o nosso estilo de vida”, explicou Txai.
A mensagem é muito clara. Não haverá inovação se não preservarmos o Planeta. Como poderemos pensar em Inovação sem antes lutarmos por um futuro habitável? A questão ambiental, para mim, é o desfecho perfeito sobre tudo o que vi nos primeiros respiros do evento.
Tudo converge para a Natureza. Logo, não haverá fenômeno ou solução alheia a isso. Agora, a responsabilidade é nossa (dos seres humanos enquanto espécie e sociedade).
E podemos aprender muito com os povos originários – berço da Txai – a começar, pela riquíssima capacidade de viver sem destruir. Simples e sofisticado.
Comentários
Sua voz importa aqui no B9! Convidamos você a compartilhar suas opiniões e experiências na seção de comentários abaixo. Antes de mergulhar na conversa, por favor, dê uma olhada nas nossas Regras de Conduta para garantir que nosso espaço continue sendo acolhedor e respeitoso para todos.