SXSW 2023: Construindo empresas mais humanas
A importância da conexão entre tecnologia e habilidades socioemocionais.
Passamos mais tempo interagindo com máquinas do que com outras pessoas.
Muitas vezes, reduzimos nossas relações a áudios no WhatsApp e as conversas agora têm a profundidade de um tweet. Baseamos a nossa autoestima no desempenho que temos nas mídias sociais. A quantidade de curtidas e interações nos nossos posts acaba direcionando a percepção que temos de nós mesmos.
É como se estivéssemos atrofiando nossas habilidades sociais e emocionais numa busca incessante por otimização. Por agilidade. Por fazer mais coisa em menos tempo. Ao mesmo tempo. E dessa forma vamos construindo relações artificiais, menos profundas.
Essa discussão foi a base da palestra da Esther Perel no SXSW 2023 e, dentre as tantas ramificações apresentadas no evento sobre os impactos da inteligência artificial, essa é uma que ecoa na minha mente até agora. Principalmente a frase que ela usou: “quando só a tecnologia pode nos consolar é sinal de que a humanidade está doente”.
No ambiente corporativo, é indiscutível que as ferramentas de inteligência artificial nos ajudarão a atingir novos patamares de eficiência e agilidade. Assim como também é indiscutível a importância da nossa capacidade humana de interpretação de nuances comportamentais que são fundamentais para criar conexões pessoais e manter culturas organizacionais saudáveis. Felizmente, não é uma discussão sobre perdermos espaço para as máquinas, mas sobre como vamos combinar essas inteligências para a construção de futuros mais positivos.
Neste sentido, é importante que as empresas trabalhem intencionalmente suas culturas organizacionais como uma alavanca para atingir resultados mais efetivos. De que forma estamos investindo no upskilling e no reskilling de nossos colaboradores? Frente à evolução exponencial das tecnologias, certamente precisaremos aprender outras novas competências e aprofundar nossas habilidades socioemocionais para navegar neste contexto.
Que estratégias temos adotado para a promoção de um ambiente de trabalho saudável e colaborativo, que valorize a diversidade e a conexão humana?
Da mesma forma, é importante que pensemos em novas métricas que mensurem a qualidade das relações entre humanos e máquinas daqui para frente. Afinal, como disse o fundador da Wired, Kevin Kelly, em sua palestra sobre como a Inteligência Artificial Generativa está mudando a nossa forma de trabalhar: “produtividade é uma ótima métrica para máquinas, não para humanos.”
A combinação inteligente entre a tecnologia e a capacidade humana de se relacionar e criar conexões é fundamental para construir um futuro em que a qualidade das nossas relações seja valorizada e preservada. Somente assim poderemos construir empresas mais humanas e sustentáveis, que gerem valor para as pessoas e para a sociedade como um todo.
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