Que o SXSW é uma mistura de temas não é novidade para ninguém. Essa é a graça, porque é dessa mistura que os milhares de participantes criam diferentes conexões e inspirações, capazes de impactar iniciativas e negócios em todos os cantos do mundo.
E na minha mistura teve ChatGPT, Magic Eye, Atrofia Emocional, Intimidade, Empatia Profunda, Cultura de Curiosidade, Psicodélicos, Esther Perel, Simrat Jeet, Greg Brockman, Deepak Chopra, New Order, Amy Gallo, Tilda Swinton, Amy Webb e algumas outras. Teve, também, apresentações e temas que não consegui acompanhar, porque o FOMO é real, mesmo quando a gente tenta fingir que não nos afeta.
Juntando tudo isso e parafraseando a forma como Carrie Bradshaw sempre começava suas colunas nos episódios de ‘Sex in the City’, I can´t help but wonder o que aconteceria se alimentássemos o ChatGPT com psicodélicos para aprendermos a lidar com pessoas difíceis? Será que Darwin, caso vivo estivesse, desenvolveria a teoria da seleção artificial? Ou, ainda, se um grupo de música chamado Joy Division colocasse um prompt no ChatGPT, após a morte de seu vocalista, a ferramenta sugeriria como novo nome New Order? E será que Simrat Jeet agiria com tanto “chardi-kala” (atitude positiva) e seria tão empático num mundo com a volta de dinossauros?
Eu adoro esses pensamentos que parecem uma grande viagem, mas que nos fazem pensar fora da caixa e aguçar nossa curiosidade. Aliás, Cultura de Curiosidade foi o tema de uma dessas palestras menos concorridas, sem big names, mas superinteressantes. Foi um papo de três pessoas da NowWhat que acredita que “num mundo que se procura por respostas fáceis, precisamos lutar é pelas boas perguntas. São as perguntas bem feitas que nos levam a grandes descobertas e ideias transformadoras”. Como exemplo, falaram de como ao longo do tempo nós nos fechamos, nos intimidamos. As crianças começam a vida com big questions, sem filtro e sem as respostas prontas. Aos poucos, vão vendo que as perguntas são feitas pelos professores, que já tem as respostas, depois pelos chefes, ou seja, por quem tem poder.
Nesse cenário, um dos segredos para boas perguntas seria mudar essa dinâmica de poder e criar ambientes e contextos propícios para que as boas perguntas apareçam e sejam valorizadas. Foram apresentados também quatro diferentes perfis de curiosos e adorei saber que o meu é o “Inner Child”, que preserva um pouco da curiosidade de criança, sem filtros, despretensiosa e sem agendas (deixo o link aqui para quem quiser testar e se conhecer: https://3d86i0yq5da.typeform.com/to/gcI3J6uo).
Minha curiosidade me levou também a buscar a história do Magic Eye, usado como metáfora de convergência na palestra da Amy Webb. Criada nos anos 90, nasceu de uma série de coincidências para fazer parte da campanha de um produto para “desbugar” computadores e depois virou hit de vendas como um produto em si, em que para enxergar a imagem escondida é preciso convergir o olhar. A Amy usou o Magic Eye para se referir a como as tendências não devem ser avaliadas isoladamente, pois é na convergência que o que é relevante surge.
E o potencial de convergência entre os aprendizados do SXSW é enorme, o que me permitiria ficar aqui divagando e criando links entre assuntos sem parar, porque isso me alimenta e me dá energia no trabalho e na vida. Participar do festival nos abre um mundo de possibilidades e nos relembra que precisamos ficar com nossos pontos de conexão sempre abertos, para ir plugando tudo que passar por nós. Reforça, também, a importância de acompanharmos de perto o que está rolando de tendência e tecnologia, mas sempre voltando para as rodas de conversa, para discutir e refletir o que todas essas mudanças podem significar. Uma maneira de malhar nossos músculos de relacionamento e evitar a atrofia emocional e a redução de expectativas, mencionada pela master Esther Perel – com certeza, minha apresentação favorita do ano!
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