SXSW 2023: Metaverso sensorial e vida privada
Aplicações comerciais do metaverso, projetos pilotos, avanços em hardware e impactos da VR sobre a vida privada aterrissaram a discussão sobre o tema.
Enquanto alguns argumentam que o metaverso flopou, especialistas dizem que o piloto dele está entre nós.
A cidade de Soul já criou a Soul Metaverse Cities para concentrar serviços públicos e até um fundo para o metaverso. A Accenture já usa o metaverso para fazer o onboarding de colaboradores.
No varejo, marcas como Forever 21 e Nike possuem comunidades com milhões de usuários em ambientes como o Roblox.
“Em vez de simplesmente digital-first, empresas devem começar a pensar em metaverse-first“, opinou a CEO da Unstoppable Domains e ex-executiva da Amazon, Sandy Carter.
Metaverso sensorial
O SXSW também discutiu avanços em hardware de VR que vão ajudar a tornar as experiências em metaversos ainda mais imersivas e sensoriais.
No curto prazo, empresas como a Apple prometem lançar novos óculos mais agradáveis e portáteis para as experiências.
No médio prazo estão neuro-interfaces não invasivas (EMG) que permitem movimentar avatares apenas com a força do pensamento.
Isso é papo de futuro, mas empresas como a Supernatural já testam serviços com atividades físicas em VR. O hub VR chat se tornou um ponto de encontro para raves virtuais.
Sugados pelo metaverso: o novo dilema das redes
O metaverso mal começou, mas já há preocupação sobre potencial aditivo, privacidade e impacto na vida privada.
“Vi exemplos de pessoas que ficaram em VR por 12h e acharam que só estavam ali por 2h. Temos que pensar que empresas podem querer hackear nossos cérebros“, ponderou Kent Bye, apresentador do “Voices of VR“, no painel “The Ultimate Potential of VR: Promises & Perils“.
A psicoterapeuta Esther Perel acredita que a hiperconexão pode mascarar uma epidemia de solidão. “Como podemos ter mil amigos digitais e ninguém para pedir para alimentar nosso gato? Como podemos nos conectar com colegas sem nunca vê-los na vida real?“, questiona.
A falta de atenção que impera com os smartphones pode piorar. “Quando começarmos a nos comprometer com simulações da realidade, não teremos nada além de intimidade artificial“, provocou Esther.
Os olhos não mentem
Os experts em VR também trouxeram estudos de como é possível captar dados apenas através do olhar. “Seus olhos podem indicar informações demográficas, inclinações políticas e emoções para alimentar empresas”, alertou Kent.
Avatares hiperrealistas podem ser alvo de deepfakes e roubos de identidade online.
Neuro-direitos como direitos humanos
Empresas e entidades de VR, e desenvolvedores de metaverso, como o Metaverse Standards Forum, estão tentando antecipar os riscos.
Sandy Carter defendeu a criação de um direito universal para a privacidade. É algo que também defende Nita A. Farahany, autora do livro lançado no SXSW “The Battle for Your Brain”.
“A ideia de neuro-direitos busca combater mecanismos que poderão nos manipular e interferir nosso senso de auto-determinacao e liberdade cognitiva em espaços virtuais“, disse Kent Bye.
Marcas no metaverso (e no presente)
No painel “Building a Sustainable Economy in the Metaverse“, palestrantes discutiram projetos de marcas em ambientes virtuais e o potencial de ROI nos metaversos.
“Temos um cliente que economizou mais de 100 mil dólares e deixou de poluir 4.4 tons de carbono por coleção ao substituir amostras físicas por amostras em 3D“, exemplificou Ashley Crowder, CEO da VNTANA, empresa que cria experiências para marcas em ambientes virtuais.
Além disso, metaversos tendem a se consolidar como os canais de interação principais para dialogar com as gerações mais jovens. “As crianças vão se encontrar no Roblox mais que no shopping“, diz. Para marcas que querem ser lembradas, vale a pena começar a experimentar desde já.
Curadoria e texto: Globo + OCLB
Texto originalmente publicado na Plataforma Gente, Hub da Globo de pesquisas e tendências com a cara do Brasil.
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