SXSW 2023: Crise climática, de futuro distante à agenda das empresas 

O “marketing de causas” virou commodity, seja bem ou mal feito. Diante da emergência climática, apenas posicionamento não é o suficiente.

No SXSW, Líderes da Patagonia, Ben & Jerry’s, fundos de investimento e bancos deixaram claro como o aquecimento global é mais do que uma questão de marca, mas de negócio. 

A Patagonia, por exemplo, no ano passado alterou totalmente sua visão sobre lucro pensando no combate ao aquecimento global. A Patagonia recentemente foi passada das mãos do bilionário Yvon Chouinard, fundador da empresa, para um fundo e todo o lucro gerado é repassado para o combate à mudança climática. 

Empresas privadas também são responsáveis pelas mudanças climáticas e precisam parar de se esconder e começar a assumir e a participar da busca pela solução do problema, disse Ryan Gellert, CEO da Patagonia, keynote speaker do dia..

“Nós criamos os problemas do mundo e eles não serão resolvidos sem que as empresas assumam responsabilidade”, disse Gellert. Ele comentou também sobre os problemas de sustentabilidade que fazem parte do seu setor de atuação e como as empresas de vestuário precisam olhar para a cadeia de produção.

“Pessoas da minha idade principalmente, eu acho que perdemos o direito de ser pessimistas. Eu tenho certeza que somos capazes de resolver os problemas que criamos? Não. Meus dois filhos pequenos irão herdar um planeta que não será o mesmo que era enquanto eu crescia. Mas eu farei tudo que for possível, assim como todos nós na Patagonia, para criar os melhores cenários possíveis e as melhores possibilidades de redirecionar a bagunça que fizemos”, disse Gellert.

Crise climática e lucratividade 

Até mesmo instituições financeiras estão priorizando em soluções e ativos climáticos. 

Ivan Frishberg, Senior Vice President e Chief Sustainability Officer do banco americano Amalgamated Bank, compartilhou que a empresa têm investido primariamente em negócios social e ambientalmente responsáveis. 

“No setor financeiro, não podemos não pensar em riscos e o risco climático é o maior de todos“. Ao investir em empresas aliadas no combate ao aquecimento global, o banco melhorou sua lucratividade e scores de crédito.”Não é apenas ativismo, mas uma parte material do nosso negócio “, disse Frishberg.

Mesmo com a turbulência do mercado tech, o número de startups climáticas que se tornaram unicórnios no último ano dobrou, o que mostra o potencial das Climate Techs.

 Climate techs em destaque

Jennifer Place, diretora no fundo de venture capital Fifth Wall, acredita que é preciso investir em tecnologia e inovação climática hoje para cumprirmos os compromissos de descarbonização globais para 2050.

“É por isso que as metas de descarbonização começam em 2030. Nos próximos 7 anos, precisamos acelerar o desenvolvimento e financiamento de inovação climática.“

Menos carbono, menos impostos

Emily Kirsch, CEO do fundo Powerhouse, argumentou que empresas precisam trabalhar em conjunto com startups, entidades especializadas e reguladores.

Nos Estados Unidos, já foi estabelecido um plano milionário de abatimento de impostos para empresas que diminuírem suas emissões – até zerá-las.

Bancando o backlash

Para além do aquecimento global, o SXSW também discutiu boas práticas de ativismo corporativo.

Christopher Miller, Head of Global Activism Strategy da Ben & Jerry’s,apresentou como a empresa fez parcerias sólidas com ONGs e entidades sociais.

Na sua avaliação, é preciso estar preparado e sustentar o backlash dos haters. “Fomos uma das primeiras empresas a apoiar o movimento Movimento Black Lives Matter e recebemos ligações de trolls durante 3 semanas. É preciso ter resiliência, mas muitas empresas estão com medo de se posicionar sobre as coisas certas“.

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Curadoria e texto: Globo + OCLB

Texto originalmente publicado na Plataforma Gente, Hub da Globo de pesquisas e tendências com a cara do Brasil.