SXSW 2023: o que uma designer da Adobe tem a dizer sobre a impacto da IA na criatividade
Brooke Hopper acredita que o processo criativo é muito mais do que entradas e saídas de dados
Brooke Hopper é Lead Designer na Adobe, com foco em inteligência artificial e machine learning. Logo a Adobe, uma das empresas que há tempos investe no tema e, obviamente, é uma maiores interessadas nesse futuro em que as máquinas tem capacidade de criar, desenhar e manipular imagens.
Sendo assim, a apresentação no de Hooper no SXSW 2023, era uma das prioridades na minha agenda do evento. Hopper abordou o impacto dessa evolução tecnológica na criatividade. Como designer, ela vem experimentando com IA generativa e explorando as possibilidades (e desafios) do uso de determinadas ferramentas no processo criativo.
Obviamente, uma das primeiras questão é sobre autoria e validade de um trabalho artístico com IA. Hopper argumenta que o processo criativo não é menos válido simplesmente porque uma máquina está envolvida. A IA pode ser vista como uma ferramenta criativa, assim como um pincel, uma câmera ou um instrumento musical. Além disso, ela defende que a IA pode ajudar a expandir o escopo da criatividade humana, permitindo que os artistas experimentem e produzam coisas que antes não eram possíveis ou simplesmente facilitem tarefas repetitivas.
Um dos exemplos apresentados pela designer é a possibilidade de usar a IA para gerar padrões e layouts diretamente de mood boards. Algo muito útil para designers que precisam criar rapidamente um conceito visual para um projeto e trabalhar a partir daí. Outra possibilidade é a de usar a máquina para criar personagens em diferentes poses, o que seria especialmente valioso para animadores e ilustradores.
A questão da autoria vem logo em seguida como uma das dúvidas mais frequentes quando se fala em criações geradas por inteligência artificial. Hopper que não está claro, nem juridicamente, quem é o criador da obra gerada pela IA. Ela contou sobre uma iniciativa que a Adobe participa, chamada Content Authenticity Initiative, que busca fornecer informações sobre a origem e autenticidade do conteúdo criado. A ferramenta é capaz de rastrear e documentar estilos utilizados pela máquina.
No entanto, Brooke também fala sobre um problema grave na aplicação da IA generativa na criação de imagens: o viés racial. Ela relatou que, ao tentar criar retratos de sua família, notou que todas as imagens geradas eram de pessoas brancas, mesmo quando ela não usava a palavra “branco” no prompt. Segundo ela, esse é um problema que precisa ser abordado com mais seriedade pelas empresas, já que a tecnologia pode reproduzir e até mesmo amplificar preconceitos presentes na sociedade.
Com seus potenciais erros e acertos, uma coisa é garantia: o futuro da criatividade passa pela IA. Principalmente no que diz respeito a interfaces. Estamos acostumado a interagir com máquinas e softwares da mesma maneira há décadas. Com grandes evoluções ou não, ainda dependemos de dispositivos para clicar e digitar. Porém, como diz Hopper: processo criativo não é apenas uma série de inputs e outputs.
As novas formas de interação com ferramentas de criação, incluindo realidade virtual, aumentada, tátil e outras tecnologias emergentes, tem capacidade de democratizar o processo criativo e artístico para muito além do domínio de softwares. E de novo: é a designer da maior especialista em softwares de criação falando.
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