“Mustang” (Guinness) by Anthony Minghella
Hoje e amanhã comentarei aqui no Brainstorm #9 dois comerciais de diretores famosos. Mais do que simples anúncios, eles criam filmes. É mais do que nunca a linguagem cinematográfica atrelada a uma marca.
O comercial de hoje é uma super-produção para a cerveja Guinness, criado pela agência Abbott Mead Vickers BBDO de Londres e por Anthony Minghella, diretor de filmes como “O Paciente Inglês” (1996), “O Talentoso Ripley” (1999) e o chatíssimo “Cold Mountain” (2003).
A Guinness não é apenas uma cerveja, é uma lenda. Sua história teve início em 1759, quando Arthur Guinness alugou uma fábrica em Dublin e começou a produzir sua cerveja. Em 1862, quando adotou a Harpa Irlandesa como símbolo, Guinness já fazia parte da vida da Irlanda.
São quase 300 anos de história, e a receita de malte irlandês, água de Dublin, lúpulo e levedura fazem da Guinness praticamente uma refeição. Comercializada em 155 países, a cervejaria possui 80% de participação no mercado mundial de cerveja preta.
Ao redor do mundo, 170 mil pubs consomem 10 milhões de copos (pints) de Guinness diariamente. Os top-pubs do centro de Dublin cobram entre 4 a 5 euros por um “pint” de Guinness, ou seja, mais ou menos 13 reais por um copo de cerveja. E aqui no Brasil não é diferente, o preço varia de 8 reais por uma latinha no supermercado até, pasmem, 20 reais pelo “pint” em qualquer bar de respeito.
E assim como pede a marca, toda a comunicação da Guinness durante anos, que conta com comerciais clássicos, vem sendo colocar a cerveja como uma lenda. Beber uma Guinness é mais do que tomar uma geladinha para refrescar, é se libertar, desfrutar de um momento prazeroso. Ver a escuridão de uma Guinness é encontrar a luz.
E esse posicionamento fica ainda mais claro no comercial “Mustang”. Aqui prisioneiros de Los Angeles são levados para um rancho no deserto. Lá, como parte de sua reabilitação, os homens são ensinados a domesticar cavalos selvagens.
A maioria deles tenta fazer isso montando o cavalo, mas sem sucesso. Um dos prisioneiros, que nos foi apresentado no início do filme, olha o animal e decide abrir a porteira para lhe deixar livre. Policiais levam o homem atrás do cavalo, e dizem que se ele o deixou escapar, agora terá que trazê-lo de volta.
Eles encontram o animal e o prisioneiro monta no cavalo e foge através do deserto. Entra então a assinatura da Guinness com o título: “Out of darkness comes light”.
A idéia principal é criar uma história que mostre que a força não é a resposta. É preciso primeiro conquistar a confiança, para aí sim conseguir domar o cavalo. Aí, faça um paralelo com a história do homem preso e você descobrira o significado do filme.
Esse sentimento utilizado no anúncio se encaixa perfeitamente com o público consumior da cerveja, e conta uma simples história com poder dramático para agregar esse valor a marca.
O projeto também contou com a participação do cinematografista Janusz Kaminski, responsável por diversos filmes ao lado de Steven Spielberg como “A Lista de Schindler”, “Minority Report”, “O Resgate do Soldado Ryan” e até do vindouro “Guerra dos Mundos”.
O anúncio foi gravado durante todo o mês de Julho no ano passado, que além de cenas em Los Angeles, teve como locação Tejon Ranch, o segundo maior rancho do Estados Unidos, do tamanho de Rhode Island.
“Mustang” consumiu 15 milhões de libras, ou seja, mais de 76 milhões de reais em sua produção e veiculação. Segundo Minghella, essa é uma história de escuridão e luz. Como obra cinematográfica vem sendo aplaudida, mas continua causando muita discussão na indústria publicitária quanto a sua eficiência.
Clique aqui (botão direito – Salvar destino como…) para fazer o download do filme em formato .MOV. O arquivo tem 3.61 MB.
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