SXSW 2023: Investir na humanidade – este é o ROI que importa
Superhumanos e psicodélicos mostram como vale cada centavo aplicado em ciência e tecnologia na busca por um futuro com menos sofrimento.
Depois de ser atropelada por um mundo potencialmente distópico aqui no SXSW23, hoje foi dia de encher o coração de esperança. Comecei meu dia me emocionando ao ouvir a história de Ian, James e Nathan — três dos 36 “Superhumans” que já existem no mundo. Estes superhumanos são pessoas que literalmente decidiram abrir a cabeça para receber implantes cerebrais — que se tornaram fundamentais para eles porque todos sofreram acidentes graves, que os deixaram com a maior parte do corpo paralisada.
James e Nathan amam videogames — e as interfaces neurais os permitiram voltar a jogar como antes (mas sem usar as mãos). Eles também usam editores de imagem para criar arte, que vendem como NFT, comandando tudo isso com o cérebro. Ian conta que além de recuperar funções motoras e parte da sensibilidade, a tecnologia da Blackrock Neurotech devolveu a ele parte de sua humanidade — afinal, nós não somos só função. Sensações e sensibilidade são partes importantes de nós, também.
Saindo deste painel incrível, segui na trilha de focar na nossa humanidade e fui ouvir um papo com ninguém menos que o Dr. Deepak Chopra sobre como os “psicodélicos” — drogas como o MDMA, a Ketamina e a Psilocibina dos cogumelos vem sendo usados com enorme sucesso para tratar males como depressão aguda, estresse pós-traumático, e reverter traumas e nos tirar da dependência das “algemas químicas” que a indústria farmacêutica nos vende..
As estatísticas pra estes males são cada vez mais assustadoras: já são mais de 900 milhões de pessoas no mundo com algum diagnóstico de doença mental. A cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida por conta dela.
A boa notícia é que diversos estudos clínicos vem sendo realizados por empresas e institutos de pesquisa com estas substâncias, antes vistas somente como drogas recreativas e ilegais. Aparentemente, elas são as únicas que conseguem contornar os efeitos dos nossos hábitos e traumas no cérebro. É científico — a neuroplasticidade cerebral que nos ajuda a criar as reações rápidas tão importantes à nossa sobrevivência também nos condena a reagir consistentemente a estímulos similares (o famoso “gatilho”).
Os psicodélicos conseguem “apagar o rastro” do gatilho e nos tirar do ciclo vicioso. Os eletrodos implantados podem “bypassar circuitos desligados”. Por isso, estas soluções menos ortodoxas são as que tem maior probabilidade de nos tirar da epidemia de doenças mentais que existe hoje no mundo ainda que, para serem aceitas pela sociedade, precisemos passar por um longo processo de desmistificação.
E é justamente por isso que o mundo precisa da força dos fundos de venture capital aqui: ao invés de investir no “próximo Twitter”, está mais do que na hora de começarem a investir em melhorar a humanidade.
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