SXSW 2022: para Amy Webb, o futuro é feito de escolhas (e toda escolha é uma chance de fazê-lo melhor)
Rodada de tendências de Amy Webb destaca mudanças profundas geradas pelo advento do metaverso, da biotech e das inteligências artificiais
Olhe para a imagem abaixo. O que você vê?
Não viu nada? Então vou dar uma dica: esta é a imagem de uma vaca. Olhe de novo e veja se você a vê. Ainda não viu? Então olhe de novo, agora com os contornos da vaca à vista.
O que acabou de acontecer aqui, segundo Amy Webb, futurista da NYU, é um exemplo clássico do tema do Trend Report dela neste ano: a re-percepção.
A reflexão sobre a Vaca de Dallenbach (o psicólogo que originou esse exercício) é o método que ela usa para explicar a executivos, acadêmicos e empresários que compõem a clientela do FTI o porquê de eles não reconhecerem instantaneamente os tantos vetores de mudança que ela vê diariamente.
Depois de ver a vaca, é improvável que a gente a “desveja”. Volte lá na primeira imagem e faça o teste. Agora, vire a imagem de ponta-cabeça e olhe de novo. Muito provavelmente você verá a vaca assim também. Isso acontece porque você exercitou a sua re-percepção, e reconectou seus neurônios pra poder enxergá-la.
Segundo Amy, a re-percepção é a ferramenta mais poderosa que podemos utilizar pra entender o futuro. É a essência da criatividade, da inovação. E é uma qualidade fundamental para líderes atuais, que precisam entender como tomar decisões agora para lidar com a ambiguidade, a incerteza, e as mudanças que vem no futuro.
E falando em mudanças, Amy de novo tirou nosso chão com três tópicos chave do trend report deste ano. Vamos a eles, portanto:
- IA e o aumento de seus casos de uso para reconhecer, vigiar e originar coisas e pessoas. Sim, você ouviu direito – originar pessoas. Ano passado falei aqui sobre os synths. Vocês não vão gostar de saber que eles continuam evoluindo e que agora apps como o Synthesia conseguem gerar humanos sintéticos que reflitam e provoquem emoções. Que sejam cada vez mais confiáveis. A segunda coisa assustadora: uma AI não precisa mais de sua face pra te reconhecer. Já existem patentes arquivadas de soluções que reconhecem uma pessoa pelo seu padrão de respiração e das batidas de seu coração. Uma delas é de um laser de precisão, que consegue atirar em alguém distante até 100m de distância depois de reconhecê-lo pelos micromovimentos que o coração desta pessoa faz ao bater. Medo.
- O metaverso – a palavra mais prevalente em nossos feeds. Definido por Amy como um “termo guarda-chuva que define o conjunto de tecnologias que conectam o mundo físico ao mundo digital, parte da nova Web 3.0”, ele vai mudar nossos paradigmas sobre propriedade de informação e vai normalizar a fragmentação de nossas identidades. Segundo Amy, o hype dos NFTs e dos colecionáveis digitais é só a parte visível do Iceberg – e uma que não veio pra ficar.
- Biotech – a tendência com a qual temos mais a ganhar e mais a perder. Fusão da biologia com a tecnologia, provavelmente é um campo de ciência em que vamos ver muitos avanços assustadores. Pra começar, agora além de hardware e software, temos wetware (a parte biológica). Podemos usar isso pra criar sonhos sob demanda e fazer com que as pessoas queiram comprar coisas depois de dormir. Podemos usar isso para colocar idéias na mente de pessoas (lembram-se de “Inception”, o filme do Christopher Nolan? Então). Também podemos usar bioreatores para criar carne de frango livre de hormônios e alimentar todo o mundo.
Ao final da palestra, como sempre Amy fez seus tradicionais apelos. Precisamos acabar com os vieses existentes nas AIs, precisamos de regulamentação pra todas estas coisas novas, precisamos redefinir o que é real. Nada disso é trabalho individual, e sim coletivo.
Amy terminou mais uma vez oferecendo generosamente todo o conhecimento do report de 2022 a toda a audência (para baixar, acesse aqui) e nos lembrando da frase que está no início deste artigo: o futuro é feito de escolhas, e toda escolha é uma chance de fazê-lo melhor.
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