Tribunal no Reino Unido volta atrás e autoriza extradição de Julian Assange para os EUA
Decisão está na mão da secretária de Estado, mas reversão da proibição ocorre após governo norte-americano argumentar que Assange não teria histórico de doenças mentais para tirar a própria vida
A corte de apelações do Reino Unido reverteu nesta sexta-feira (10) uma decisão que impedia os EUA de extraditar Julian Assange do país. De acordo com a Associated Press, a manobra logicamente abre margem para que o fundador do Wikileaks seja “devolvido” ao território estadunidense, onde encara acusações de espionagem pela publicação não autorizada de documentos governamentais.
Emitida em janeiro, a proibição da extradição de Assange até então estava em vigor por conta do estado mental do réu, com o magistrado vendo grande potencial dele tirar a própria vida caso fosse enviado aos EUA. Na apelação do caso, porém, representantes do governo norte-americano argumentaram que Assange não teria histórico sério e duradouro de doenças mentais que justificasse ou sugerisse qualquer risco do tipo, além de garantir que, caso condenado, ele irá cumprir a sentença na Austrália, seu país natal, caso ele assim deseje.
Enquanto a esposa de Assange, Stella Morris, já garantiu à Sky News que ele irá apelar da anulação acusando-a de um “grave erro da justiça”, a decisão sobre se o réu irá ou não ser extraditado está nas mãos da secretária de Estado britânico, Priti Patel. A argumentação da defesa de Assange é que o trabalho realizado no Wikileaks constitui um de jornalismo, então uma manobra do tipo poderia ser enquadrada como uma afronta à liberdade da imprensa.
Tudo, de novo, mora nas acusações enfrentadas por ele nos EUA. Com 17 processos de espionagem nas costas e uma 18° para mal uso de computação, Assange pode tomar até 175 anos de cadeia na lei norte-americana, ainda que especialistas acreditem que o máximo possível seja 63 meses no caso. O fundador do Wikileaks já teve negado o pedido de fiança por risco de fuga do Reino Unido e no momento está inscrito nos confins da prisão de segurança máxima de Belmarsh.
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