Primeiro deixa eu explicar. Esse post vai daqui pra lá e de lá pra cá, sendo “aqui” o A Day in the Life e o “lá” o contrário disso mesmo.
Neste sábado fui com o Merigo conhecer a edição brasileira do Creators Project, um lance feito pela revista Vice em parceria com a Intel. No mundo todo eles selecionam artistas de várias áreas, produzem mini documentários sobre moda, música, design, cinema, arte, games e fazem eventos em cada lugar que a revista é representada. Os eventos são uma mistura de galeria de arte digital, com baladinha e claro, experiência criativa do projeto.
Lá na Barra Funda, algumas instalações chamavam atenção, enquanto outras talvez fossem “artísticas” demais pra serem chamadas de arte mesmo. Até aí ok. A idéia é muito mais reunir pessoas inquietas, criativas e dispostas do que exatamente fazer curadoria de fotos digitais.
Os trabalhos dos brasileiros, Muti Randolph (o cara que fez o projeto da balada mega velha que eu cheguei a ir há uns 10 anos “U Turn” e também do D-Edge) e do Ricardo Carioba (um painel de LEDs alucinante) foram de longe os visualmente mais impactantes, principalmente por trazerem obras que envolviam as pessoas.
Por sinal essa é uma conclusão que tenho sobre praticamente todo o mercado artístico: é preciso sacar que as pessoas querem participar. (Se você já sacou, por favor continue sendo inteligente e não comente dizendo que isso é óbvio). As pessoas todas já compartilham e colaboram em toda e qualquer situação social (seja digital ou não) e temos inúmeros exemplos de iniciativas que trazem o público para um envolvimento muito mais ativo do que jamais tivemos, vide o projeto “House of Cards” do Radiohead ou jogos como Rock Band e Guitar Hero que fazem a experiência de consumir música um lance muito maior.
Outro pilar do projeto é o da criação coletiva, e em todas as edições do evento existe um momento da noite que um bando de gente se junta no palco e criam e gravam uma música em apenas 1 hora. Esse foi um dos momentos altos da noite. O chamado Pop Panel, recebeu uma menina linda da platéia, que foi lá e emplacou o refrão junto com Emicida, DJ Zegon, Mc Kamau e o maluco da Vice, Eddy Moretti. Pra quem nunca viu um processo como esses acontecendo, o momento foi sensacional. Disseram que a música estará disponível para download lá no site, mas até o momento desse post, o som não estava por lá.
Além da parte das instalações, painéis e obras de arte digital, o evento recebeu o guitarrista, produtor e DJ Mark Ronson. Mark é um playboyzinho inglês, que há pouco mais de 10 anos vem trabalhando e se consagrando como um produtor extremamente importante e detentor da estética vintage-motown-retro nos sons atuais.
Depois de ter produzido o mega boga disco de estréia da doidinha da Amy Winehouse, e também de uma extensa lista que conta com nomes como Lilly Allen, Christina Aguilera (o Back to Basics é um discão), Robbie Williams, Macy Gray, Estelle, Solange Knowles, Kaiser Chiefs, Adele e vários outros, o cara começou a fazer seus próprios discos e em 2010 lançou seu 3o trabalho: Record Collection.
Eu realmente não sei se o trabalho de Mark Ronson foi inteligentemente planejado para ser cirurgicamente acertivo com as inúmeras tendências de retro-pop-hype que só cresceram nos últimos anos, ou se ele é justamente um dos maiores geradores dessas tendências.
O fato é que o som que o cara faz ilustra uma das regiões mais ricas do pop atual, e é responsável pelo nascimento de uma série de artistas que fazem música pop e moderna, mas que continuam mantendo vivas as origens musicais. Gente como Rox, Mayer Hawthorne e Codeine Velvet Club, que abusam de de cordas, metais, orquestras, instrumentos analógicos, equipamentos valvulados, enfim: a busca por fazer hoje o que era impensável se fazer no passado.
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