Ted Sarandos reconhece que Netflix errou no tratamento dos funcionários sobre especial de Dave Chappelle
Co-CEO ainda defende "The Closer", mas se arrepende de não ter tratado com maior humanidade os trabalhadores que levantaram preocupação sobre transfobia no especial
A situação na Netflix segue tensa por conta de “The Closer”, especial de comédia de Dave Chappelle que gera debates sobre as piadas de cunho transfóbico. Depois de submeter uma carta de intenções no começo da semana, um grupo de funcionários do serviço de streaming deve realizar nesta quarta-feira (20) uma paralisação e passeata em protesto contra a forma como a companhia lidou com o caso – que além da defesa do conteúdo pelo co-CEO Ted Sarandos incluiu a suspensão temporária de um trabalhador trans sob a falsa acusação de “invadir” uma reunião executiva.
Dado a amplitude que a situação ganhou nos últimos, faz sentido que Sarandos agora tenha decidido ir a público mais uma vez pedir desculpas por tudo. Na virada da terça-feira (19) para hoje, o executivo deu entrevistas diferentes para a Variety, o Hollywood Reporter, o Deadline e o The Wall Street Journal, em todas reforçando lamentar o ocorrido e se arrepender da forma com a qual gerenciou a crise – ainda que se mantenha firme na defesa de que “The Closer” não “incite ódio ou violência”, uma diretriz maior da plataforma com seus originais.
Mas mesmo que o papo de proteção da “liberdade criativa e expressão artística” continue, Sarandos reconhece nas conversas com a imprensa que “deveria ter lidado com muito mais humanidade” a discussão do especial ferir ou não o público trans. “Eu tinha um grupo de empregados que definitivamente estavam sofrendo e se sentiram afetados pela decisão que tomamos”, diz o co-CEO à Variety; “Eu acho que isso precisa ser reconhecido primeiro antes de lidar com o prático de qualquer coisa, e eu não fiz isso. Foi algo não característico de mim, a situação evoluía rápido e nós estávamos tentando responder algumas questões muito específicas que circulavam”.
Enquanto define todo o caso da recepção do especial ao THR como “uma comunicação interna muito atrapalhada que se tornou pública”, o executivo também definiu que uma produção original é vista como ofensiva aos olhos da empresa quando é algo que “intencionalmente peça pela violência física de outras pessoas ou até mesmo a remoção de proteções”. Por fim, Sarandos comenta que está se reunindo com funcionários para entender a posição destes sobre o especial, mas que a Netflix vai continuar a valorizar o que ele define como “expressão artística”, mantendo-a como parte da filosofia maior do negócio.
Já a paralisação dos funcionários de hoje acompanha pedidos da promoção de conteúdos de afirmação do público trans e não binário, bem como o recrutamento de trabalhadores da população e a eliminação de quaisquer referências transfóbicas remanescentes no ambiente de trabalho da companhia. As demandas não incluem qualquer menção a Chappelle ou a retirada de “The Closer” do catálogo da plataforma.
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