11 filmes para ver na 45° Mostra de Cinema de São Paulo
Com filmes exibidos nas salas de cinema e no online, festival este ano contempla boa parte dos filmes mais alardeados do último ano
Começa essa semana mais uma Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que chega em 2021 à sua 45° edição firme como um dos principais festivais de cinema do país e uma tradição da capital paulista. Além da marca histórica, o evento acontece este ano também dentro do atual clima otimista de recuperação da pandemia, com a vacinação avançada no país e o circuito de cinemas reaberto.
Para acompanhar o clima com cautela, o festival não apenas vai adotar medidas rigorosas para controle do público – a maioria das salas só vão permitir 50% da capacidade e o comprovante de vacinação será exigido – como acontecerá em formato híbrido. Dos quase 300 títulos selecionados, 157 estarão disponíveis na plataforma da Mostra, o Mostra Play, com ingressos vendidos a R$ 12 – metade da inteira cobrada nas exibições no circuito. Oferta e nomes de interesse não faltam ao festival, incluindo trabalhos de diretores celebrados como Edgar Wright, Wes Anderson, Leos Carax e Julia Ducournau.
Como no ano passado, o B9 este ano seleciona 11 produções da programação do evento que, nas telonas ou nas telinhas, representam sessões imperdíveis do festival. De Cannes a Berlim, de Hollywood a Israel, os filmes escalados aqui devem chamar a atenção do público nos próximos meses e enfim estreiam por aqui a partir da Mostra.
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo acontece entre os dias 21 de outubro e 3 de novembro. A programação completa – e a disponibilidade dos filmes – está no site oficial do festival.
“Ahed’s Knee”
Um título bastante esperado entre os filmes previstos para aparecerem no Mostra Play, “Ahed’s Knee” é nada menos que o novo trabalho do israelense Nadav Lapid após o sucesso de “Sinônimos”, filme que lhe rendeu o Urso de Ouro no festival de Berlim. Exibido e vencedor do prêmio do júri em Cannes, o longa-metragem da vez é bem mais subjetivo, centrado na história de um cineasta que se vê preso entre duas questões morais na Israel que cresceu e trabalha – e se depender do antecessor, o resultado só pode ser forte.
“Ahed’s Knee” terá sessões presenciais e exibição online na Mostra.
“Annette”
Desde antes do festival de Cannes uma expectativa imensa, “Annette” enfim fará sua estreia no Brasil dentro da Mostra, um mês antes de sair oficialmente no streaming pelas mãos da MUBI. O novo filme do francês Leos Carax dividiu a Croisette na premiere, mas foi eleito a melhor direção do festival e desde então é aclamado por onde passa na mesma medida que choca o público mais casual – que outro filme traz Adam Driver cantando nas partes íntimas de Marion Cotillard, afinal? Apesar da proximidade do lançamento no home video, a sessão soa como imperdível dentro dos trabalhos do festival.
“Annette” terá apenas sessões presenciais na Mostra.
“Bergman Island”
Uma surpresa na disponibilidade híbrida do festival (e que portanto deve ter um bom alcance na edição deste ano), o novo filme de Mia Hansen-Løve já seria um título a se esperar pela carreira da jovem cineasta, responsável por trabalhos elogiados como “Eden” e “O Que Está Por Vir”, mas o elenco parrudo da vez chama ainda mais atenção ao projeto. Vicky Krieps, Tim Roth e Mia Wasikowska estrelam “Bergman Island” com tons de metalinguagem, cuja premissa parte da viagem de um casal à ilha onde o celebrado Ingmar Bergman escrevia seus roteiros para encontrar inspiração similar.
“Bergman Island” terá sessões presenciais e exibição online na Mostra.
“As Bruxas do Oriente”
Ainda que a preferência do público aponte para uma procura mais alta por nomes badalados ou já estabelecidos do circuito, a plataforma online da Mostra é um bom espaço para se fazer novas descobertas – até porque a maioria dos títulos selecionados para o festival estão lá. Um bom exemplo de nome a ser encontrado pelo espectador é o de Julien Faraut, documentarista francês que está esse ano com “As Bruxas do Oriente”, um projeto que registra a passagem da seleção feminina japonesa pelas Olimpíadas de 1964. A premissa de um documentário esportivo pode afastar muitos, mas se depender do título anterior do diretor, “John McEnroe: O Império da Perfeição”, o projeto é muito mais que a documentação histórica, se aventurando efetivamente na análise do grupo de jogadoras que ganhou o apelido do título.
“As Bruxas do Oriente” terá sessões presenciais e exibição online na Mostra.
“A Crônica Francesa” “Noite Passada no Soho”
Ainda que o festival seja um bom momento para se aventurar para fora do circuito hollywoodiano e descobrir diretores e produções que tem poucas chances de chegar nas exibições comerciais, é claro que a Mostra também serve como um espaço de pré-estreias para títulos muito aguardados do mainstream – em especial quando pelas mãos de cineastas muito celebrados. Em 2021, os filmes que ocupam esse lugar na programação são o “A Crônica Francesa” de Wes Anderson e o “Noite Passada no Soho” de Edgar Wright, que chegam no país em novembro mas já tem exibições dentro dos trabalhos do evento. Para quem está querendo se aventurar pela primeira vez na Mostra e ir em algo mais “garantido”, com certeza não há pedida melhor.
“A Crônica Francesa” e “Noite Passada no Soho” terão apenas sessões presenciais na Mostra.
“Introdução” e “A Mulher que Fugiu”
É claro que não poderia faltar Hong Sang-soo na Mostra, e este ano são dois títulos do diretor que integram o line-up do evento – e olha que podia ser três, mas o “In Front of Your Face” infelizmente não foi selecionado. São dois filmes curtos e que passaram por edições diferentes do festival de Berlim (o primeiro é de 2019!) mas que devem trazer toda a potência do diretor e de seus zooms, incluindo o “A Mulher que Fugiu” que mostra uma moça em uma série de encontros com amigos para debater a vida e o “Introdução” que registra a ida de um homem à Coreia do Sul para surpreender a namorada. Kim Min-hee, claro, marca presença em ambos os trabalhos.
“Introdução” e “A Mulher que Fugiu” terão apenas sessões presenciais na Mostra.
“Memoria”
Mais de dez anos depois de vencer a Palma de Ouro, o tailandês Apichatpong Weerasethakul se aventura pela primeira vez em uma produção internacional situada fora de seu país de origem. Com Tilda Swinton no papel principal, “Memoria” chamou a atenção em Cannes (onde recebeu o prêmio do júri) e vem despertando curiosidade por onde passa graças às abordagens publicitárias inesperadas, que incluem uma distribuição em modo “turnê” nos Estados Unidos e a escolha para ser o representante da Colômbia na disputa do Oscar 2022. Apesar de tudo (e da garantia da distribuição pela MUBI aqui), o novo trabalho de “Joe” sem dúvida deve provocar reações em todas as audiências da Mostra, em especial porque é mais uma das narrativas compassadas e profundas do diretor.
“Memoria” terá apenas sessões presenciais na Mostra.
“Roda do Destino”
Ainda que o filme do diretor que foi pra Cannes este ano não tenha sido selecionado para a Mostra, o japonês Ryusuke Hamaguchi marca presença no festival este ano com uma pequena obra-prima saída diretamente do Festival de Berlim, onde levou o grand prix. “Roda Destino” é uma narrativa mais fraturada em relação ao anterior do jovem cineasta – o cult “Asako I & II” – mas também aposta na complexidade de relações como centro das atenções em todas as suas três histórias de encontros improváveis e cheios de potência. Sem dúvida uma parada obrigatória do evento, seja para os já apresentados ou quem se aventura pela primeira vez.
“Roda do Destino” terá apenas sessões presenciais na Mostra.
“Titane”
De longe um dos títulos mais aguardados da Mostra deste ano – no dia de publicação desta nota, a primeira exibição do filme vendeu todos os ingressos em cinco minutos de disponibilidade – o filme de Julia Ducournau por si só já seria um item de interesse por ser o novo trabalho da diretora de “Raw”, mas é claro que a recepção quente em Cannes fez a produção explodir no noticiário. Atual vencedor da Palma de Ouro (o segundo na história dirigido por uma mulher), o longa já puxou comparações com o “Crash” de David Cronenberg pela abordagem ousada de uma história aparentemente simples de reencontro entre um pai e uma filha, o qual logo escalona para dentro do gênero de horror.
“Titane” terá apenas sessões presenciais na Mostra.
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