Fast Company Innovation Festival 2021: a ciência dos dados continua transformando nosso mundo
Palestras sobre Fórmula E e telemedicina voltam a reforçar as vantagens e perigos do compartilhamento de dados
O que faz A diferença tanto numa corrida de carros quanto num um consultório médico?
Se você respondeu “equipamentos” ou máquinas, errou.
Se você respondeu “seres humanos”, errou também.
Veja bem, não é que estas coisas não façam diferença. Mas A diferença, em “A” maiúsculo, está desde sempre no uso de dados. Talvez você pare e pense agora: os dados vieram com a tecnologia, são coisa nova. Será mesmo?
As corridas de carro usam a telemetria desde que eu as conheço, e os tempos foram até recentemente o data point talvez mais importante para se parametrizar a performance de um piloto. Já os médicos, há pelo menos 30 anos, acompanham nossa saúde por meio de dados. O que são aqueles números nos exames laboratoriais, se não data points?
Agora, o fato é que a tecnologia chegou nestas duas áreas e exponenciou nossa capacidade de coletar e usar dados. Trago dois exemplos do Fast Company Innovation Festival de hoje nessa área.
O primeiro é da parceria entre a equipe de Fórmula E, Envision Virgin Racing e a empresa de tecnologia Genpact. A Fórmula E é uma corrida sui generis: treinos, classificatórias e a corrida acontecem tudo no mesmo dia, e a corrida em si leva 45 minutos mais uma volta. Como os carros são elétricos, o desafio é fazer o menor tempo possível na pista, mas mantendo o equilíbrio com o uso da bateria, senão o carro literalmente morre antes da corrida acabar – não vale pit stop pra recarregar!
A equipe da Virgin contou no painel como usa tecnologia, sensores e ciência de dados para projetar a melhor corrida possível, o que significa construir uma quase simbiose entre homem e máquina. A partir de diversos data points colhidos dos carros e da performance do piloto naquele dia, a equipe usa modelos preditivos, algoritmos, simulações e a habilidade de interpretar dados pra parametrizar a atuação do piloto dentro do carro. Incrível ver o que eles conseguem ganhar em eficiência ao longo do dia.
E se na Fórmula E os dados são vantagem competitiva, na medicina não é diferente. A questão é que nós vamos mudando de médicos, laboratórios, cidades ao longo da vida – e nossos rastros digitais deixados nestes players não são conectados.
Já o segundo painel, com representantes da Humana, da Transcarent e da KHN, discutiu muito os avanços da telemedicina e do uso de tecnologia em prol da saúde. Todos concordam que os avanços que vivemos nos últimos 18 meses são sem precedentes – e que muitos outros virão, tanto em diagnóstico quanto em tratamentos. Mas a última fronteira pro atendimento médico ganhar a ajuda de data science é o compartilhamento de prontuários e informações sobre pacientes entre provedores, sejam médicos, laboratórios ou hospitais.
A visão de todos os data points do histórico médico de um paciente pode fazer a diferença no diagnóstico de uma doença rara, mas o contraponto é perigoso: o que farão os seguros de saúde quando tiverem acesso a estas informações? Será que é por isso, inclusive, que eles estão adquirindo clínicas e laboratórios e criando cadeias verticais inteiras? A ver…
Interessante enxergar como o uso dos dados está evoluindo velozmente em indústrias diferentes do marketing – nestes dois casos, uma evolução exponencial em segmentos que já usam dados desde sempre. Resta saber como vão evoluir estes modelos de uso “fechado” contra “aberto” dos dados, ficando de olho sobre quais dados entregamos pra quem, sempre.
Conhecimento, afinal, é poder.
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