Fast Company Innovation Festival 2021: a grande demissão
Ou como fica a experiência de trabalho nos escritório no pós-pandemia?
Você não leu errado. O título deste artigo é sim um trocadilho com um dos momentos mais difíceis na economia global: a Grande Depressão.
No meu segundo dia de Fast Company Innovation Festival, ouvi Greg Lindsay, da FastCo Works, usar essa expressão em alusão ao grande movimento que estamos vendo acontecer no mercado de trabalho. Depois da pandemia, tem sido comum os casos de colaboradores que se recusam a voltar aos escritórios ou que protestam sobre simplesmente voltar ao jeito pré-pandêmico (e antigo) de se trabalhar.
Até a Apple, rainha dos bons exemplos, sofreu com este fenômeno. Seus funcionários se organizaram para dizer à companhia que não estão nada felizes com o novo (e quaquilionário!) escritório da companhia em Cupertino – teve até carta.
Pois bem. Para evitar o êxodo massivo de funcionários, as empresas vão precisar se reinventar. De novo.
De novo porque agora o desafio não é mais ser 100% virtual, mas usar a tecnologia e criar processos pra que as empresas consigam ser e funcionar, de fato, de forma “phygital” – com físico e digital sem fronteiras.
Ouvi dois painéis aqui no festival falarem disso. Um com Anne Chou da AT&T e Cathy Bessant do Bank of America, que falaram sobre propósito e pessoas. Outro, com Massimo Rapparini e Scott Wharton, da Logitech, e Rainer Karcher, da Siemens, que focou em processos em tecnologia.
As poderosas Anne e Cathy falaram muito sobre propósito , visão ecossistêmica e cultura. Propósito como um grande conector e mobilizador de colaboradores numa direção única, visão ecossistêmica e competição como os novos modelos para o sucesso e a necessidade de revisitar cultura para refletir o momento pós (durante) pandêmico.
Já os executivos de tecnologia trouxeram caminhos pra aterrissar esta visão de forma verdadeiramente phygital , e pensando no bem-estar dos colaboradores como pano de fundo. Falaram sobre alguns movimentos futuros que me fizeram pensar que OX (ou Office Experience) será um tema recorrente para nós, líderes, nos próximos anos :
Como fazer pra juntar pessoas que estão em casa e pessoas que estão no escritório em um único ambiente comum? Pra começar, repensando os espaços físicos como estúdios. Ou estádios. Massimo se referiu muito à quantidade de câmeras e sensores hoje utilizadas no entretenimento e no esporte pra nos dar a visão do todo de um ambiente. Ou ao uso de “efeitos especiais” como quadros-brancos que possam ser desenhados por alguém que esteja em casa e no escritório ao mesmo tempo.
Esse tijolinho que a gente carrega no bolso (mais conhecido como celular) deve se fragmentar em vários devices diferentes – e a experiência do trabalho irá utilizá-los em toda a sua extensão pra “imergir” cada um de nós numa sala. Imagine poder sentir o toque de alguém no seu ombro por uma resposta háptica, por exemplo.
Por fim, já estão testando tecnologias que permitem o mundo phygital se aproximar do mundo real – como a gente poder ter uma conversa paralela (não no whatsapp, por voz!) numa reunião, por exemplo.
Com tantas boas novidades deles e um ponto de partida humano sólido delas, o que nos falta repensar é o jeito que vamos usar esse modelo de colaboração 3.0 a nosso favor: questões como recrutamento e compensação de profissionais remotos, escritórios descentralizados, mudanças na nossa maneira de fazer reuniões e virtualização cada vez maior de funções antes executadas em pessoa, como vendas, estão nesta lista. Vamos ver se os próximos dias do festival nos trazem luz neste sentido!
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