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Capa - “Cry Macho” traz Clint Eastwood em um paraíso além da fronteira

“Cry Macho” traz Clint Eastwood em um paraíso além da fronteira

Após desconstruir o sonho americano ao longo das décadas, diretor filma caubói em busca de lugar para pendurar o chapéu

por Matheus Fiore

Clint Eastwood não é um diretor qualquer, ele é também parte da história do cinema norte-americano. Tendo sido o rosto – quando protagonizou a Trilogia dos Dólares de Sergio Leone – e também a mente de momentos importantes – quando dirigiu alguns dos filmes mais brilhantes das últimas décadas, como “Os Imperdoáveis” e “As Pontes de Madison” – o cineasta de 91 anos tem sua história diretamente atrelada à produção do país. Hoje, Clint é um cronista da América. Como alguém que viveu tanto tempo e contou tantas histórias sobre a sociedade em que vive, que acompanhou se transformar por tantos e tantos anos, Eastwood se tornou um observador dos tempos. Não por acaso, é o mais importante artista a falar sobre o famoso “sonho americano”. 

Diferente do que muitos acusam, porém, Clint Eastwood vai muito além de um mero republicano reacionário. Seus filmes na verdade estão sempre expondo o fracasso desse sonho e as nuances de um país tão problemático. Se até aqui ele já louvou heróis comuns – como no incompreendido “15:17 – Trem Para Paris” – e questionou esse sonho americano em obras-primas como “Honkytonk Man: A Última Canção” e “Menina de Ouro”, agora parece ter chegado a vez de Eastwood operar em um mundo posterior a essas desconstruções. Seu novo filme, “Cry Macho: O Caminho para a Redenção”, se situa em um cenário simples: para onde vão os caubóis ao constatar que a América não é a terra dos sonhos e das oportunidades?

Clint Eastwood (à esquerda) no set

“Cry Macho” parte de uma premissa simples e reaproveita estruturas já comuns de seu cinema. O velho caubói Mike Millo (Eastwood) que só quer curtir seus últimos dias com seus animais, recebe um pedido de seu único amigo: ir ao México e resgatar o filho do sujeito, que está sofrendo abusos por sua mãe. A relação com o jovem Rafael (Eduardo Minett) começa truncada, mas logo Mike cria afeto pelo menino – além de “Honkytonk Man”, a dinâmica também lembra um pouco do que Eastwood já fez em “Um Mundo Perfeito”.

Por Rafael e pelos outros personagens que cruzam seu caminho nessa jornada, Mike descobre novos lugares, olhares e paixões. É como se, esgotado por tudo que viveu na América, o caubói finalmente estivesse pronto para abrir seu coração para um mundo novo. Mais do que um filme ambientado após a conclusão da falência do sonho americano, “Cry Macho” é também uma obra sobre reinvenção, sobre nascer de novo e redescobrir o próprio sorriso. Não tarda, por exemplo, para que Mike e Rafael comecem a encontrar desculpas para adiar o retorno ao Texas para curtir mais um tempo além da fronteira.

“Cry Macho” é também uma obra sobre reinvenção, sobre nascer de novo e redescobrir o próprio sorriso

Clint também parece disposto a subverter a noção de tempo dos personagens e do espectador com seu novo filme. Se muitos se encontrarão ansiosos para saber a resolução da trama que possibilita o longa, logo verão suas expectativas frustradas por uma obra que se desfaz das amarras mais simples para se desenvolver em um ritmo particular. O longa repetidas vezes põe de lado a “missão principal” para focar no que a priori não é importante, mas no final se revela de fato a única coisa que importa.

O “ritmo” é lento, calmo, pronto para por de lado o Mike caubói em sua última missão para jogar holofotes sobre o homem por trás do chapéu. Os desvios que Mike e “Rafo” encontram pelo caminho são muito mais importantes do que guiar o jovem mexicano em direção ao sonho americano. Não é nada acidental, por exemplo, que Mike utilize o sonho de ser um caubói em uma fazenda no Texas para convencer Rafael a ir em direção aos braços do pai, bem como não é coincidência que esse estilo de vida não poderia ser menos atraente para o próprio protagonista.

Eastwood também parece disposto a subverter a noção de tempo dos personagens e do espectador

O tempo parece ser suspenso quando a dupla de personagens está em um lugar de conforto. O ponteiro do relógio simplesmente deixa de operar quando estes adentram um espaço no qual o conflito e as instituições não são bem-vindos, como quando a proprietária do local coloca a placa de “fechado” na porta ao ver a polícia se aproximar. São esses espaços mágicos – como o lar da personagem de Meryl Streep em “As Pontes de Madison” -, de pura compaixão e companheirismo, que dão um novo fôlego para Mike e Rafael. É onde ambos redescobrem seus sentimentos, ao ponto de um senhor com mais de nove décadas de vida ter experiências similares às de um menino de 13 anos de idade.

Porém, “Cry Macho” não quer impor a visão de Clint ao público, mais especificamente às novas gerações. A ideia do diretor é apenas apontar o que vê com seus 91 anos de trajetória. Como o sábio senhor que é, Mike (e Clint) querem que Rafael vá e veja o mundo com seus próprios olhos, oferecendo apenas o conforto de saber para onde pode ir caso constate que o que há de mais importante na vida não está necessariamente além da fronteira – quando, assim como o próprio personagem, o ator que o vive e o artista que o concebeu perceber que os Estados Unidos não oferecem o que prometem.

“Cry Macho”, portanto, é o passo seguinte na desconstrução da América, é o encontro com o espaço sacrossanto, recheado de amor, conforto e companheirismo, que pode estar em qualquer lugar, mesmo – ou principalmente – que ele esteja abaixo do Texas.

“Cry Macho: O Caminho para a Redenção” estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 16 de setembro, e está previsto para ser lançado no HBO Max 35 dias após sua chegada ao circuito.

A pandemia ainda não acabou. Embora a vacinação avance no país, variantes do coronavírus continuam a manter os riscos de contaminação altos no Brasil. Se for ao cinema, siga os protocolos e ouça as autoridades de saúde sobre o melhor curso de ação após completar o esquema vacinal.

nota do crítico

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