Banimento de pornografia do eBay preocupa historiadores LGBTQIA+
Pesquisadores e ativistas apontam que proibição dificulta trabalho de localização e arquivamento de itens importantes para revelar história de grupos
Depois do OnlyFans voltar atrás na própria decisão por conta da reação amplamente negativa, agora é o eBay que enfrenta críticas por implementar um banimento de pornografia de sua plataforma. Embora a medida tenha sido anunciada em maio e implementada em junho, a proibição da venda de “materiais de orientação sexual” ganhou força nas últimas semanas com o fechamento da seção voltada para adultos, o que por sua vez despertou preocupação entre especialistas e historiadores LGBTQIA+.
O banimento acompanha algumas pressões do meio para excluir conteúdo pornográfico da rede, em especial a Lei de Luta Contra o Tráfico de Sexo Online (FOSTA) e a Lei do Senado Para Impedir o Tráfico de Sexo (SESTA), publicadas em 2018 e que vem ganhando força nos últimos meses nos EUA pelas mãos de grupos e ativistas de direita – é a mesma que levou o Tumblr a proibir conteúdo sexual e o Facebook a se posicionar contra a formação de grupos para negociação de encontros sexuais. Ainda de acordo com a New Yorker, o eBay recentemente começou a utilizar a Adyen para viabilizar as transações em seu e-commerce, uma fintech holandesa que recusa a participação na venda de produtos adultos.
A questão é que o eBay acabou por se tornar um mercado importante para a obtenção de edições e objetos importantes da história LGBTQIA+, com historiadores recorrendo à plataforma na hora de buscar itens considerados perdidos. E ainda que o eBay tenha aberto uma lista de exceções para publicações importantes como a Playboy e a Penthouse, os afetados declaram que a mesma não dá conta das dezenas de milhares de produtos independentes que elucidam a história destes grupos, incluindo zines de conteúdo fundamental para a documentação.
“Estamos falando de uma parte da história queer que é realmente difícil de localizar e que é guardada por um pequeno número de pessoas na comunidade”, escreve a diretora de comunicações da National LGBTQ Task Force, Cathy Renna, à Axios, onde também comenta que a mudança de diretriz da plataforma “vai criar um vácuo imenso na habilidade de qualquer um para acessar estes itens”.
Em resposta oficial sobre o caso, o eBay escreve que o banimento vale para “mídias pornográficas”, mas não exclui nudez em publicações e peças de arte. Além disso, a companhia garante que está “comprometida em manter um mercado seguro, confiável e inclusivo” e “continua a reavaliar as categorias de produto permitidas” em seu e-commerce.
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