Após comentários lgbtfóbicos, apresentador Sikêra Jr. faz RedeTV! perder patrocinadores e dinheiro
MRV, HapVida, Tim e Magazine Luiza desligaram patrocínios, ações de merchandisings e veiculação de campanhas nos espaços publicitários do programa televisivo
Durante apresentação do “Alerta Nacional” na última sexta-feira (25), o apresentador Sikêra Jr. teceu uma série de comentários lgbtfóbicos em torno de um comercial do Burger King para celebrar o mês do orgulho LGBTQIA+. Na ocasião, o ator e radialista da RedeTV! criticou a ação da rede de fast food acusando-a de utilizar crianças para “lacrar” e propagar “comunismo”, contribuindo assim para correntes de ódio movidas contra a peça publicitária em redes de extrema-direita.
“A criançada está sendo usada. Um povo lacrador que não convence mais os adultos e agora vão usar as crianças. É uma lição de comunismo: vamos atacar a base, a base familiar, é isso que eles querem. Nós não vamos deixar” chegou a dizer o apresentador durante o programa.
As falas de Sikêra Jr. naturalmente despertaram todo tipo de reação negativa nas redes sociais, em especial por acontecerem tão próximo ao Dia do Orgulho LGBTQIA+. Em virtude deste cenário, o grupo Sleeping Giants Brasil começou a movimentar em suas contas uma campanha de alerta para marcas que direta ou indiretamente patrocinam o “Alerta Nacional”, repetindo uma ação que já vem realizando desde maio do ano passado contra sites que propagam desinformação.
Considerando a ocasião do dia do orgulho, é natural que muitas empresas perceberam o absurdo em movimento no programa da emissora. De acordo com o Notícias da TV, desde o início da segunda as patrocinadoras e anunciantes MRV, Tim e HapVida desligaram oficialmente seus respectivos acordos com a RedeTV! e o “Alerta Nacional”, custando à companhia somas consideráveis de financiamento.
No caso da construtora pertencente a Rubens Menin, atual dono da CNN Brasil, a MRV escreveu em nota que “acredita na diversidade e não compactua com qualquer forma de preconceito” ao anunciar que o programa de Sikêra não faz parte de seu plano de mídia. A empresa veiculava com frequência anúncios no noticiário do apresentador. A Tim, que realizava acordo parecido, seguiu o mesmo caminho escrevendo que “não está ligada a movimentos, nem compactua com disseminação de notícias falsas e discursos de ódio” ao anunciar a suspensão da veiculação de seus serviços nos intervalos do programa.
Já a HapVida, empresa de saúde com atuação nas regiões Norte e Nordeste, escreve que desligou momentaneamente todos os seus investimentos em ações de merchandising no “Alerta Nacional” e afirma que não apoia “forma alguma de preconceito, seja social, de credo, raça, gênero ou orientação sexual”.
Por fim, o Magazine Luiza também divulgou o bloqueio da veiculação automática de seus anúncios nos vídeos veiculados pela produção do programa no YouTube, numa ação para impedir a veiculação indireta de seus produtos ao jornal policial. Além de reafirmar que não patrocina o “Alerta”, a varejista diz ser contra “qualquer forma de LGBTfobia” e garante que suas peças “não serão mais exibidas” nesses espaços.
Além de custar o que provavelmente são alguns milhões de reais aos cofres da emissora, Sikêra Jr. ainda precisa lidar com uma ação pública contra sua pessoa no Rio Grande do Sul, conforme o Ministério Público Federal autorizou o ato por conta de seus comentários com possibilidade de multa de até dez milhões de reais.
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