Pesquisa diz que brasileiros LGBTQIA+ aprovam campanhas do mês do orgulho, mas escondem sexualidade no trabalho
53% dos entrevistados por estudo da MindMiners com a SafeSpace aprova campanhas voltadas à comunidade no período, mas 70% ainda não se sentem seguras de revelar identidade a colegas de trabalho
Um estudo realizada pela empresa de pesquisa digital MindMiners em parceria com a plataforma SafeSpace revela que a maioria dos brasileiros LGBTQIA+ enxergam de maneira positiva as campanhas de marketing realizadas em junho, tradicionalmente o mês do orgulho, mas ainda não se sentem confortáveis para revelar sua sexualidade no ambiente de trabalho.
Realizada de forma online pela plataforma da Mindminers, a pesquisa quantitativa aponta que 53% dos respondentes aprovam as ações e campanhas realizadas durante o período, mas também que 70% da amostra escondem ou já esconderam sua sexualidade dos colegas de trabalho. Para piorar, 55% dos entrevistados que se assumiram membros da comunidade LGBTQIA+ dizem que já foram ou são vítimas de discriminação nos escritórios – e 64% de todos os entrevistados confirmam ter testemunhado uma experiência de discriminação com colegas nestes espaços.
O mais interessante, porém, é a aparente discrepância destes dados com as respostas dadas sobre as ações de marcas nesta época do ano. De acordo com o estudo da MindMiners com a SafeSpace, 83% dos entrevistados concordam que a publicidade tem poder para ajudar a avançar causas sociais como o movimento LGBTQIA+, enquanto 85% acredita que é responsabilidade das marcas se posicionar sobre questões sociais como a discriminação pública contra membros da comunidade. 80% dos respondentes, porém, concordam que empresas se aproveitam da data do orgulho para levantar bandeiras de ativismo social somente para fins de manobra publicitária.
Na divulgação da pesquisa, a cofundadora Rafaela Frankenthal interpreta os resultados como mais uma prova de que é preciso trabalhar “para mudar a cultura interna das empresas” e avaliar se os valores e práticas “estão caminhando de acordo com o que as empresas prometem na comunicação externa e nas campanhas de marketing”. “Adotar a bandeira do arco-íris, o famoso pride, é uma mobilização significativa.” escreve a executiva; “As grandes marcas e companhias têm um papel fundamental nessa discussão, mas é preciso que seja um movimento de dentro para fora. E para isso escutar relatos dos colaboradores e colaboradoras sobre a experiência deles no ambiente de trabalho é fundamental. Temos que colocá-los no centro do debate e não esquecer quem são as pessoas que devem ser protagonistas das ações a favor do movimento”.
CMO da MindMiners, Danielle Almeida concorda com essas declarações e reforça que empresas precisam trabalhar para tornar essa discussão mais confortável entre os funcionários. A pesquisa aponta que 35% dos entrevistados ainda se sentem pouco ou nada confortáveis para tratar do tema no trabalho, e para a executiva este movimento é um primeiro passo “para conseguir também desenvolver campanhas mais efetivas, que reflitam verdadeiramente os valores que a marca já possui e coloca em prática internamente”.
A pesquisa da MindMiners e da SafeSpace é resultado de entrevistas com 220 pessoas autodeclaradas LGBTQIA+, realizadas entre os dias 7 e 14 de junho de 2021 com diferentes recortes de classe social, faixa etária e região.
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