Campanha “Meu Melhor Defeito” questiona agências e marcas em favor do aumento de empregados LGBTI+
Com vídeo estrelado por All Ice, ação busca alertar pra ausência de funcionários LGBTI+ e de metas que busquem reverter o cenário nas agências
Depois de uma primeira versão em 2018 focada em incentivar os jovens talentos a proporcionar mudanças no mercado, a campanha “Meu Melhor Defeito” retorna em 2021 disposta a colocar em pauta a empregabilidade do público LGBTI+. A ação do coletivo Papel & Caneta foi iniciada na última terça (9) com um filme que busca incentivar a contratação de criativos da comunidade pelo questionamento da posição de marcas e agências perante o caso da PL 504.
O projeto de lei no caso atingiu a mídia no fim de abril, quando voltou a ser debatido na câmara dos deputados mesmo com seu intuito discriminatório de proibir propagandas infantis com pessoas LGBTQIA+. Enquanto a proposta acabou sendo reavaliada e alterada de forma a limar o caráter discriminatório, o Papel & Caneta percebe que a situação expôs três problemas da indústria publicitária: a ausência de funcionários LGBTI+ nas agências, de dados atualizados na área e de práticas e metas que busquem reverter o cenário a favor de maior diversidade de vozes.
O panorama maior segue sem grandes mudanças, enquanto isso. Uma pesquisa da Coqual publicada em 2016 aponta que 33% das empresas brasileiras não contratariam uma pessoa LGBTI+ para cargos de liderança. Para a co-criadora da campanha Gabriela Rodrigues, esta informação é problemática em essência: “O que precisamos é que as agências aceitem o lugar de desconforto, abram dados e estruturem metas de empregabilidade para que deixem de ser parte do problema – ou que continuem sendo parte da solução” escreve a criativa, que atua também como líder de estratégia e cultura da SOKO.
Para chamar atenção sobre o tema, a nova fase de “Meu Melhor Defeito” tem como porta-voz o cantor e MC All Ice, que protagoniza um vídeo de dois minutos no IGTV levantando o contexto e os pontos de debate citados acima. O projeto também conta com uma série de publicações para o Instagram, que podem ser visualizados aqui.
De acordo com o coletivo, esta segunda versão da campanha foi concebida de forma independente e colaborativa ao longo de duas semanas, com profissionais de diferentes agências participando do projeto. “Por mais que a movimentação das agências contra o PL504 tenha sido super importante e necessária, não dá para aceitar que tudo acabe em um post no Instagram ou Linkedin.” escreve o idealizador do Papel & Caneta André Chaves na divulgação; “Isso só cria uma ilusão de que tudo está mudando”.
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