Com nova lei, Facebook bloqueia compartilhamento de notícias na Austrália
Google enquanto isso já negocia os devidos pagamentos com veículos de comunicação locais
A Austrália está prestes a aprovar uma nova lei que obriga companhias de tecnologia a pagar veículos de notícia pelas informações que estes compartilham em buscadores ou redes sociais. A mudança é inédita na história do mundo e obviamente impacta a forma como muitos negócios são tocados no país, e os grandes conglomerados do Vale do Silício começaram a se movimentar em torno do tema.
Quem tomou a liderança no contragolpe à nova regulação australiana é o Facebook, que nesta quarta (17) confirmou a decisão de bloquear o compartilhamento de links de notícias por usuários no país. A medida é imediata e afeta o ecossistema da rede social em quatro frentes: veículos australianos, que não poderão compartilhar ou postar qualquer conteúdo em suas páginas; veículos internacionais, cujos conteúdos não poderão ser visualizados ou compartilhados no país; usuários australianos, que estão impedidos de ver ou divulgar notícias de qualquer porte; e usuários de outros países, que não poderão ler e compartilhar conteúdos de notícias de páginas australianas.
No anúncio oficial da decisão, William Easton, o diretor geral do Facebook na Austrália e na Nova Zelândia, escreve que a lei proposta pelo governo “compreende mal a relação entre a plataforma e os publishers que a usam para compartilhar conteúdos de notícias”, escrevendo ainda que a companhia usa no momento uma “combinação de tecnologias” para restringir o compartilhamento e terá os devidos processos para avaliar conteúdos que foram removidos de maneira errada – ainda que nada tenha sido deletado.
“Nós estávamos preparados para lançar o Facebook News na Austrália e aumentar de forma significativa nossos investimentos nos publishers locais, mas nós estávamos preparados para isso com as regras corretas aprovadas” declara ainda Easton; “Esta legislação estabelece um precedente onde governos decidem quem entra nestes acordos de conteúdo de notícias e, no fim, o quanto o partido que já recebe este valor dos serviços grátis deve ser pago. Nós agora vamos priorizar investimentos em outros países, como parte de nossos planos de investir em novos programas de licenciamento de notícias e experiências”.
O anúncio do Facebook acontece no mesmo dia que o Google, depois de ameaçar sair do país, começou a fechar acordos com veículos de notícias australianos para realizar o devido pagamento pelas informações compartilhadas em seu buscador. De acordo com o New York Times, estes acordos incluem a News Corp do norte-americano Rupert Murdoch e são avaliados na altura das dezenas de milhões de dólares para cumprir com o novo regulamento do país.
O Facebook, enquanto isso, alega estar em um campo diferente do Google nas negociações a serem impostas pelo governo da Austrália. Além de alegar que menos de 4% do conteúdo consumido pelo público no feed é de publishers, Easton diz que a plataforma se difere do buscador porque “O Google Search é inexoravelmente interligado com notícias e veículos que não providenciam voluntariamente seus conteúdos”, enquanto no Facebook eles não apenas postam de bom grado como a empresa “os permite vender mais assinaturas, aumentar suas audiências e fazer crescer sua receita de publicidade”.
A lei australiana segue em curso, enquanto isso. Depois de ser aprovada pelo congresso nesta quarta-feira, agora a legislação segue para ser aprovada no senado do país, aonde a administração, segundo o ministro da comunicação Paul Fletcher ao Times, acredita ter votos suficientes para passar a regulamentação – e quem sabe começar a dar ao público australiano maior controle sobre os dados que fornece e consome nos seus sites e redes sociais favoritas.
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