Clubhouse: como é a nova rede social com cara de “podcast ao vivo”
Na contramão das redes sociais de grande apelo por conteúdos de fotos e vídeos, Clubhouse é um app baseado em chats realizados por áudio
Nos últimos dias, uma nova plataforma tem despertado a curiosidade do público com uma proposta que vai na contramão das redes sociais de grande apelo por conteúdos de fotos e vídeos. O Clubhouse é um app baseado em áudio, e que por enquanto permite a entrada apenas de convidados na plataforma.
Por ser baseada em áudios, a interação dentro do Clubhouse é como ouvir um podcast ao vivo – ou uma ligação telefônica, se você preferir a referência. A proposta, no entanto, parece ter agradado muita gente, incluindo famosos como Drake, Elon Musk, Mark Zuckerberg e até o Boninho.
Apesar de estar bombando só agora, o Clubhouse foi criado no ano passado pelo empresário Paul Davison em parceria com o ex-funcionário do Google Rohan Seth. Segundo a CNBC, em maio o app já estava avaliado em US$ 100 milhões, apesar de ter apenas 1.500 usuários na época. Atualmente, mais de 600 mil usuários estão na rede social.
Como funciona o Clubhouse?
O Clubhouse se descreve como “um novo tipo de produto social baseado na voz que permite que pessoas em todos os lugares falem, contem histórias, desenvolvam ideias, aprofundem amizades e conheçam novas pessoas interessantes ao redor do mundo”.
O aplicativo traz um layout simples, com uma página inicial que lista as discussões que estão acontecendo no momento, bem como os chats agendados para mais tarde. O usuário pode entrar e sair de diferentes chats, que se assemelham a um podcast ao vivo e fluente.
A sala de conversação é como uma videoconferência, mas com algumas pessoas falando na chamada e a maioria ouvindo. Quando a conversa termina, a sala é fechada. Ao contrário do Twitch, por exemplo, onde os vídeos transmitidos ao vivo ficam na plataforma para as pessoas assistirem quando quiserem, no Clubhouse as conversas não ficam disponíveis depois. Essa é, inclusive, sua regra principal: não há gravação das conversas nem a possibilidade de salvá-las.
O algoritmo da plataforma utiliza tanto da lista de contatos do usuário, quanto das interações de quem o indivíduo escolhe seguir. Assim, as salas sugeridas acabam sendo com base em informações como área de trabalho, interesse e amigos.
Quem pode usar o app?
O Clubhouse permite apenas que pessoas que receberam um convite de outros usuários ingressem na plataforma. Algo que todo mundo que já teve Orkut sabe como funciona.
Se você é um usuário do iPhone, no entanto, pode baixar o aplicativo e reservar um nome de usuário, mesmo sem convite. Com isso, a pessoa entra numa espécie de lista de espera para ser aprovado e conseguir usar o app.
Essa dinâmica, no entanto, deve mudar em breve. O aplicativo já afirmou em comunicado que planeja expandir para o público geral, mas que ainda não fez isso porque quer construir uma comunidade lentamente, e também porque ainda precisa preparar recursos que ajudarão a plataforma a lidar com um número maior de pessoas.
Por que é interessante?
O Clubhouse parece apostar em uma ideia de conexão, exclusividade e informalidade. E o que tem feito o app crescer é a utilização da rede social como mais uma ferramenta para aumentar o networking. Como pontou um artigo da Vogue, o foco “corporativo” do app é tanto que alguns profissionais já estão trocando o termo “influenciador” por “moderador”.
Cheio de celebridades, a plataforma também permite que o usuário tenha a chance de ouvir e, quem sabe, até mesmo participar de conversas simples com pessoas famosas.
Esse combo de exclusividade e informalidade tem resultado conteúdos interessantes, como o programa “The Good Time Show”, que tem atraído executivos como Elon Musk e Mark Zuckerberg para as conversas. O programa é dirigido por Aarthi Ramamurthy, que é funcionária do Facebook, e seu marido, Sriram Krishnan, que já trabalhou para Facebook, Twitter e Snap, e chamou a atenção do público quando trouxe Musk entrevistando o CEO da Robinhood, Vladimir Tenev, sobre toda a polêmica comercial com empresas como a GameStop.
A entrevista de Musk com Tenev bateu o limite máximo de espectadores no chat, 5 mil pessoas, a ainda contou com transmissões “clandestinas” da conversa no YouTube.
Popularidade no Brasil
Segundo um levantamento realizado pela Conversion, agência especialista em Search Engine Optimization (SEO), as buscas pelo Clubhouse por usuários brasileiros cresceram 100 vezes em comparação aos últimos 6 meses.
No último final de semana, as buscas pelo Clubhouse ultrapassaram inclusive as do TikTok.
“O Clubhouse é o maior fenômeno dos últimos tempos e atraiu usuários pela sua estratégia de começar pelos perfis mais influentes da Internet e gerar escassez, já que só é possível entrar através de convites e o aplicativo só está disponível para iPhones”, avalia Diego Ivo, fundador e CEO da Conversion.
O que o app tem de questionável?
Obviamente nem tudo são flores em qualquer rede social. No caso do Clubhouse, a rede social já enfrenta problemas em relação à moderação de conteúdo, ou falta de moderação na verdade. Segundo o New York Times, a plataforma já recebeu inúmeras reclamações de que não protege os usuários de práticas abusivas dentro dos chats por uma completa falta de moderação dos conteúdos.
Além disso, embora a plataforma não permita que as conversas sejam salvas, isso não impede que os usuários gravem a conversa ao vivo, como aconteceu exatamente com a entrevista de Elon Musk que ganhou streaming ao vivo no YouTube.
O Clubhouse também já foi bloqueado na China. A rede social teve um grande crescimento no país nas últimas semanas, atraindo milhares de usuários para suas salas de bate-papo por áudio. Isso levou o governo chinês a bloquear a plataforma nesta segunda-feira, 08/02, assim como já fez com outras redes sociais como Facebook e Twitter.
Vale ressaltar também que ainda é muito cedo para fazer qualquer prognóstico sobre o Clubhouse. Embora sua proposta seja diferente das principais redes sociais que utilizamos hoje, é difícil saber se o modelo consegue sustentar o interesse do público a longo prazo, ou se suas ferramentas podem abraçar outros nichos além do “LinkedIn por voz” e o “papo de celebridades”. Acompanhemos sua evolução.
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