CEO do Spotify mantém episódio polêmico de podcast na plataforma apesar de conteúdo considerado transfóbico
Posicionamento de Daniel Ek em manter o conteúdo do programa de Joe Rogan tem incomodado os funcionários da plataforma
Uma reportagem da Vice expôs um atual problema interno que tem incomodado muitos funcionários do Spotify. De acordo com a matéria, o CEO da empresa, Daniel Ek, não vê problemas em manter na plataforma o podcast “The Joe Rogan Experience”, de Joe Rogan, mesmo que muitos funcionários considerem o conteúdo transfóbico.
Joe Rogan é conhecido por conversar em seu programa com pessoas que têm os mais diversos pontos de vista político e social. A lista dos convidados que já passaram pelo podcast inclui nomes como Edward Snowden, Elon Musk, Bernie Sanders, o astrofísico Neil deGrasse Tyson, o comediante Hannibal Buress, entre outros. Recentemente, Rogan recebeu Abigail Shrier, autora do livro “Irreversible Damage: The Transgender Craze Seducing Our Daughters,” no qual afirma existir uma agenda transgênero para incentivar meninas e meninos que, de outra forma, não se sentiriam identificados como trans. Entre inúmeras alegações infundadas, a autora ainda associa o questionamento do gênero ao autismo, e diz que o aumento das políticas e das discussões sobre transgêneros é apenas uma “tendência”.
Ao dar espaço para Abigail, Joe Rogan foi alvo de muitas objeções por parte do público por conta do conteúdo transfóbico apresentado nas teorias descabidas da autora. Com isso, durante uma reunião interna do Spotify, funcionários da empresa levantaram a questão sobre o podcast, citando inclusive que muitos profissionais do Spotify que são parte da comunidade LGBTQIA+ se sentiram incomodados com o programa. Foi ressaltado, ainda, que o podcast recebeu um alerta do Spectrum ERG, departamento interno do Spotify que avalia os conteúdos da plataforma. Porém, o alerta foi ignorado e o episódio foi ao ar.
Segundo fontes anônimas ouvidas pela Vice, a resposta do CEO Daniel Ek para as perguntas foi: “Joe Rogan e o episódio em questão foram analisados extensivamente. O fato de não estarmos mudando nossa posição não significa que não estamos ouvindo. Significa apenas que fizemos uma avaliação diferente.”
O CEO também orientou os funcionários a não vazarem o assunto para fora da empresa, a fim de continuarem liberados a participar de discussões semelhantes: “Se não pudermos ter debates abertos e confidenciais, teremos que mover essas discussões para portas fechadas”, disse ele.
O Spotify mantém um posicionamento de apoio à diversidade e se diz “fortemente comprometido com a comunidade LGBTQIA+ e a diversidade em todas as suas formas”, segundo comunicado de um porta-voz da empresa. “Todos os funcionários são respeitados e acreditamos que todos têm o direito de ser ouvidos. Temos uma série de fóruns para discussões abertas e transparentes e incentivamos o debate rigoroso sobre os tópicos em toda a empresa. Todo o conteúdo do Spotify está sujeito às nossas diretrizes de conteúdo. Nossa equipe diversificada de especialistas analisou o conteúdo em questão e determinou que ele não atendia aos critérios para remoção de nossa plataforma”, finaliza.
Atualmente, Joe Rogan tem 9,5 milhões de seguidores no YouTube, e assinou um acordo exclusivo com o Spotify em maio deste ano.
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