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Apple e Google banem “Fortnite” da App Store e Play Store

Ação se deu por conta da recente instalação de um sistema interno de transações financeiras no game, que dribla os 30% cobrados pela App Store a todo aplicativo

por Pedro Strazza

Em meio aos diversos processos e acusações de práticas anti-truste enfrentados pela App Store nos últimos meses, a Apple removeu da loja nesta quinta-feira (13) o “Fortnite”. A decisão se dá devido à implementação de um serviço interno de pagamentos online na plataforma pela Epic Games para evitar a cobrança de 30% em quaisquer transações feitas no ecossistema da App Store – uma ação que em tese viola o acordo firmado entre qualquer empresa com a Apple.

[ATUALIZAÇÃO: 14/08, 10h26] Demorou algumas horas, mas o Google também bloqueou “Fortnite” no Android a partir da sua Play Store, alegando as mesmas justificativas que a Apple para o banimento. “Embora ‘Fortnite’ permaneça disponível no Android, não podemos mais disponibilizá-lo na Play Store porque viola nossas políticas.” escreve a companhia em declaração oficial; “No entanto, deixamos em aberto a possibilidade de continuar nossas discussões com a Epic e trazer ‘Fortnite’ de volta ao Google Play”. [FIM DA ATUALIZAÇÃO]

Em resposta oficial sobre o caso, a Apple define a decisão da Epic como “infeliz” e diz que pretende trabalhar com o estúdio para “resolver estas violações”, ainda que não existam planos de elaborar um “acordo especial” para viabilizar o sistema de transações do jogo.

“A Epic habilitou uma função em seu aplicativo que não foi avaliada ou aprovada pela Apple, e eles o fizeram assim com a intenção velada de violar as diretrizes da App Store em relação a pagamentos dentro do aplicativo, que se aplicam a todo desenvolvedor que vende bens digitais ou serviços” escreve a companhia na declaração oficial sobre o caso, onde continua:

“A Epic possui apps na App Store por uma década e se beneficiou do ecossistema da App Store – incluindo suas ferramentas, testes e distribuição providenciada pela Apple a todos os desenvolvedores. A Epic concordou livremente com os termos e diretrizes da App Store e nós somos gratos que eles construíram um negócio tão bem sucedido nela. O fato que os interesses do negócio deles agora os leva a pressionar por um acordo especial não muda o fato que estas diretrizes criam um campo de igualdade para todos os desenvolvedores e torna a loja segura a todos os usuários. Nós iremos fazer o máximo para trabalhar com a Epic para resolver estas violações de forma que eles retornem o ‘Fortnite’ à App Store”.

O banimento de fato soa como uma resposta esperada da parte da Epic Games, que parece ter implementado às pressas o sistema interno de transações justamente para provocar renegociações mais urgentes da parte da Apple – e também do Android do Google, que ainda não se mexeu oficialmente em relação ao caso. De acordo com o The Verge, o estúdio mexeu no câmbio da moeda interna do jogo (os v-bucks), com a atualização diminuindo pagamentos de US$ 9,99 para US$ 7,99 pelo mesmo número de moedas digitais para a aquisição de itens.

É uma jogada tão premeditada que minutos depois da Apple confirmar o banimento a Epic já se pronunciou anunciando ter submetido ao judiciário dos Estados Unidos um processo contra a companhia, cuja base é justo os 30% cobrados em todas as transações. No documento, o estúdio escreve que “não procura compensação monetária” ou um “tratamento favorável” com o caso, mas diz querer um “alívio” que permite a competição justa dentro do mercado criado pela Apple – seja ela ou as “centenas de milhões de consumidores e dezenas de milhares, se não mais, de desenvolvedores terceiros” envolvidos.

A briga declarada entre as duas empresas promete intensificar todo o clima de criticismo em torno das práticas da App Store, que desde o ano passado está sob escrutínio de diferentes governos por conta exatamente desta taxa cobrada e os pormenores das negociações. No fim de julho, a audiência da Apple no congresso dos Estados Unidos revelou que a empresa chegou a firmar um acordo separado com a Amazon que permitia ao conglomerado de Jeff Bezos reduzir pela metade o porcentual cobrado pela App Store sobre o Prime Video e o app principal da rede de varejo – ou seja, ambos os serviços perdem apenas 15% do valor ganho para a Apple.

A expectativa agora é entender como o mercado reage ao banimento do “Fortnite”, cuja escala inviabiliza um apagamento silencioso. Enquanto empresas como a Match Group já fizeram declarações de apoio aos processos anti-truste movidos por gente como o Spotify contra as empresas de Big Tech, a indústria de games em si tem interesse especial no caso: afinal, a App Store desde sempre não aprova a entrada de serviços de assinatura concorrentes do Apple Arcade na plataforma, incluindo gigantes como o Xbox Game Pass da Microsoft e o Google Stadia.

Enquanto isso tudo acontece, a Epic já capitalizou em cima do caso promovendo um evento no “Fortnite” que parodia o icônico comercial de “1984” da Apple.

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