Sede da NASA em Washington é batizada em homenagem a Mary Jackson, primeira engenheira negra da agência
Anúncio acontece poucas semanas depois da agência lançar uma campanha para renomear um de seus campus mais importantes, cujo título homenageia político a favor da segregação
A NASA anunciou no fim da noite desta quarta-feira (24) que vai batizar sua sede em Washington com o nome de Mary W. Jackson, mulher que foi a primeira engenheira negra da história da agência. A decisão acontece um ano após o Congresso estadunidense aprovar uma lei que renomeava a a porção da avenida onde se localiza o prédio de “Hidden Figures Way”, uma alusão direta ao filme “Estrelas Além do Tempo” que serviu de cinebiografia à profissional em 2016.
“Mary W. Jackson era parte de um grupo de mulheres muito importantes que ajudaram a NASA a ter sucesso em levar os astronautas norte-americanos ao espaço” escreve o administrador da agência Jim Bridenstine no anúncio oficial; “Ela nunca aceitou o status quo, ajudando a quebrar barreiras e abrir oportunidades para afro-americanos e mulheres na área da engenharia e da tecnologia”.
A trajetória de Jackson na entidade é marcante por seu sucesso em tempos de preconceito institucional muito forte. Tendo entrado na agência em 1951, a engenheira por muito tempo foi confinada à Unidade de Computação da Área Oeste, parte segregada do então Comitê Nacional para Aconselhamento sobre Aeronáutica, até atingir o título mais alto do departamento de engenharia geral em 1979 – conquistado depois de muitos anos equilibrando o trabalho com aulas noturnas. Ela se aposentaria em 1985 após passar os últimos anos de carreira lutando pela contratação e promoção de mulheres para a agência, mas só recebeu homenagens por seu trabalho em 2019, quando lhe foi entregue postumamente a Hidden Figures Congressional Gold Medal Act.
O batismo do prédio da NASA em Washington não deixa de ser também mais um reflexo da atual onda de protestos ocorridas nos EUA sobre a morte de George Floyd, que levou empresas e governos a reconhecer o racismo estrutural que ainda percorre pelas instituições. No caso da agência, essa culpabilidade foi literal, conforme ela foi alvo de críticas por usar um de seus principais campus para homenagear John C. Stennis, uma das maiores lideranças políticas do movimento que apoiava a segregação racial nos Estados Unidos nos anos 50 e 60 – e a crise fez a NASA lançar uma campanha para escolher um novo nome à instalação.
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