Entregadores fazem protesto e reclamam de salários pagos pelos apps de delivery
Ato na Avenida Paulista teve como intenção denunciar as condições de trabalho dos colaboradores, principalmente durante a pandemia
Entregadores de aplicativos de delivery realizaram um protesto nesta sexta-feira, 05/06, na Avenida Paulista. O ato teve como intenção denunciar as condições de trabalho dos colaboradores, principalmente durante o atual período de pandemia.
Entre os manifestantes estavam entregadores dos aplicativos iFood e Rappi. De acordo com relatos e imagens do protesto, a principal reclamação dos colaboradores é em relação aos salários que estão sendo pagos pelas empresas responsáveis: “Vem pra rua, vem! Aplicativo não tá pagando bem!”, foi a mensagem repetida em coro pelos entregadores.
Entregadores de aplicativos fazem manifestação na Paulista. Luta fundamental. As empresas pagam uma miséria. É hora de lutar! Toda nossa solidariedade. pic.twitter.com/lgUQmS9Os0
— Ivan Valente (@IvanValente) June 5, 2020
A falta de vínculo empregatício com os apps de delivery, que já é algo debatido há muito tempo, foi citada pelos manifestantes, assim como o não fornecimento de equipamentos de segurança para o uso dos entregadores durante esse período da pandemia.
Os pedidos por aplicativo aumentaram muito durante a quarentena (77%), graças à obrigatoriedade dos estabelecimentos ficarem fechados. Nos últimos meses, as taxas de entrega também aumentaram para os estabelecimentos que se vinculam aos apps. Já para os entregadores, os valores recebidos não sofreram alteração. Ou seja, mesmo com mais pedidos e taxas maiores, os apps não têm pagado mais aos entregadores.
O B9 procurou iFood e Rappi para saber os seus posicionamentos. Até o momento, só o iFood respondeu ressaltando que entende a importância de manifestações e apoia totalmente a liberdade de expressão, e “esclarece que os valores pagos pelas entregas baseiam-se em fatores como distância da rota, cidade e modal. No próprio aplicativo, os entregadores podem conferir os valores das entregas antes de aceitar o chamado. Em abril, 61% dos entregadores recebeu R$19 ou mais por hora trabalhada (valor que para fins apenas comparativos é quatro vezes maior do que o pago por hora tendo como base o salário mínimo vigente). Estes 61% de entregadores foram responsáveis por 75% das entregas. Pelos dados do iFood, os ganhos médios mensais dos entregadores que têm a atividade de entregas como fonte principal de renda (35% do total) aumentaram 36% em abril quando comparado a fevereiro”.
Ainda segundo o iFood: “Há de se levar em conta ainda que os entregadores têm perfis de utilização do app muito diferentes. A maioria absoluta destes entregadores fica disponível poucas horas por mês. Durante o mês de abril, os parceiros de entrega ficaram, em média, 73 horas mensais disponíveis na plataforma, o que equivale a 2,9h/dia (em um mês de 25 dias), sendo que 84% dos entregadores ficou com o app ligado 6h/dia ou menos. Além disso, de cada 10 entregadores 4 (40%) ficaram disponíveis para entregas apenas 2 horas ou menos por dia”.
A empresa ainda ressalta que as gorjetas dadas pelos clientes são “integralmente repassadas aos entregadores”, e que por conta do cenário atual, os valores foram aumentados para R$ 2, R$ 5 e R$ 10. Por fim, o app garante que “já destinou mais de R$25 milhões em medidas de prevenção, cuidados, informação e benefícios aos seus colaboradores” durante o período de pandemia.
[Atualização 08/06]: A Rappi respondeu ao pedido do B9 sobre seu posicionamento. No comunicado, a empresa também ressalta que reconhece o direito à manifestação dos entregadores e que sempre busca um diálogo com os parceiros a fim de melhorar a experiência dos mesmos. “Tendo isso em vista e, em linha com nossa prioridade maior neste momento – a segurança de todo nosso ecossistema -, adotamos vários protocolos seguindo as recomendações das autoridades sanitárias, distribuímos intensamente máscaras e álcool em gel, e criamos um fundo para proteger nossa comunidade de entregadores parceiros“, explica.
Sobre os valores repassados aos entregadores, a Rappi diz: “O valor de frete da Rappi varia de acordo com o clima, dia da semana, horário, zona da entrega, distância percorrida e complexidade do pedido. Ainda, a Rappi possibilita que os clientes deem gorjeta aos entregadores por meio do aplicativo de forma segura. E nas últimas semanas, a empresa identificou um aumento de 50% no percentual de pessoas dando gorjeta, principalmente aos finais de semana. Os valores, na média, cresceram 80%. Em algumas semanas, cerca de 50% dos pedidos foram feitos com gorjetas. Destacamos que todo valor pago no aplicativo a título de gorjeta é integralmente repassado ao entregador”.
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