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Depois de marcar tweet como desinformação, Twitter restringe acesso a outro post de Donald Trump na rede

Comentários do atual presidente dos EUA sobre o assasinato de George Floyd foram identificados pela companhia como incentivadores de "glorificação da violência"

por Pedro Strazza
Capa - Depois de marcar tweet como desinformação, Twitter restringe acesso a outro post de Donald Trump na rede
Imagem: Mandatory Credit: Photo by Evan Vucci/AP/Shutterstock (10434333bm) Donald Trump, Sauli Niinisto. President Donald Trump speaks during a meeting with Finnish President Sauli Niinisto in the Oval Office of the White House, in Washington Trump, Washington, USA – 02 Oct 2019

A última semana foi marcada por um novo clima de tensões entre o Twitter e Donald Trump. A briga começou na última terça-feira (26), quando a rede social marcou duas publicações do atual presidente dos Estados Unidos como “potencialmente enganosos” por conta de suas afirmações sobre fraudes no sistema eleitoral de votação por cédulas.

Trump encarou mal o ato, não apenas ameaçando companhias da área de regulação e fechamento como assinou uma ordem executiva que permite ao Departamento de Comércio do país que usa da seção 230 da legislação para proibir plataformas de moderar conteúdo pelo usuário, em nome de uma dita “liberdade de expressão virtual”.

Agora, porém, a situação deve ficar ainda nervosa em relação ao chefe do executivo estadunidense, conforme o Twitter restringiu o acesso a outra publicação de Trump na rede. O post no caso foi identificado como um que viola as regras por promover “enaltecimento à violência”, escreve a companhia na notificação que ocupa o lugar do texto no feed, ao descrever manifestantes dos atuais protestos contra a morte de George Floyd como “bandidos”.

Com o ato, os usuários agora só podem interagir com o post retuitando-o com um comentário, mas opções de curtida, retweet simples e respostas estão permanentemente desabilitados. Ainda na notificação, o Twitter escreve que o tweet “pode ser do interesse público” e por isso não foi excluído de forma permanente.

A companhia ainda se pronunciou de forma mais extensa em seu perfil dedicado à moderação da comunidade, descrevendo que a violação diz respeito às políticas da empresa em relação a uma violência baseada “em contexto histórico” e que pode “inspirar ações similares nos dias de hoje”.

https://twitter.com/TwitterComms/status/1266267447838949378
https://twitter.com/TwitterComms/status/1266267449650864128

Todo este cenário de restrição do discurso na plataforma acontece porque o presidente norte-americano usa na publicação uma fala muito parecida com a do ex-chefe de polícia de Miami Walter Headley para se referir às manifestações relacionadas ao assassinato de George Floyd, homem negro que foi morto de maneira brutal por um policial branco na última segunda (25). Em dezembro de 1967, Headley usou a frase escrita por Trump “quando os assaltos começarem, os tiroteios começam” para confirmar que a divisão policial do estado iria aplicar respostas violentas para policiar bairros negros, incluindo aí o uso de escopetas e cachorros.

No presente, esta declaração foi repetida pelo presidente para se referir a algumas das ações mais violentas dos últimos dias nos EUA, que viram uma crescente de indignação perante à morte de Floyd do porte de uma delegacia em Minneapolis – cidade onde o crime ocorreu – ser invadida e queimada na madrugada desta sexta, 29 de maio. Enquanto os protestos seguem para seu quarto dia consecutivo, os absurdos continuam a acontecer, incluindo a prisão de um jornalista negro na cidade.

O Twitter se mantém firme na decisão de tomar uma posição um pouco mais dura em relação à desinformação propagada pelo atual presidente estadunidense, enquanto isso. Na quarta (27), o CEO Jack Dorsey chegou a escrever em sua conta pessoal que era responsável pelas ações recentes da companhia e que a rede social iria “continuar a apontar as informações incorretas e questionáveis” sobre as eleições ao redor do globo.

“Isto não nos faz uma espécie de ‘juiz da verdade’.” comentou Dorsey na ocasião, se referindo a críticas feitas pelo CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, à decisão; “Nossa intenção é conectar os pontos sobre declarações contraditórias e mostrar a informação questionável de forma a permitir que as pessoas possam julgar o caso por elas mesmas”.

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