Distanciamento social pode ter ajudado na preservação do quadro “O Grito”

A paralisação gerada pelo coronavírus continua a gerar crises em diversas áreas e setores, mas a pandemia também produz efeitos secundários dos mais inesperados. E depois da diminuição dos níveis de poluição sonora ao redor do globo, agora é a vez do Museu Munch relatar que as medidas de distanciamento social podem estar ajudando na preservação de um dos quadros mais famosos da história, “O Grito” de Edvard Munch.

Pintado em 1910 e atualmente exibido no museu localizado em Oslo (e batizado em homenagem a seu autor), a pintura que é considerada um grande clássico do expressionismo passava nos últimos tempos por um processo de desbotamento bastante preocupante, devido em parte ao próprio caráter das tintas usadas por Munch na criação da obra. A cor amarela fabricada pelo pintor, bastante presente no pôr-do-sol retratado ao fundo da figura desesperada, é proveniente de um pigmento impuro que em um ambiente úmido acaba por submetê-la a transformações químicas típicas da descamação.

A questão é que essa umidez estava sendo gerada em dias de visitação tradicionais do museu, graças à respiração do público que passava pela sala onde se localiza o quadro – e o distanciamento social das medidas de prevenção da atual pandemia caindo como uma luva na busca por medidas que ajudassem a instituição a cuidar da obra. E a mera presença de pessoas no recinto pelo visto já prejudica “O Grito”, dado que o ser humano exala cloretos ao respirar e isso já contribui ao desbotamento.

Não ajuda muito também que o quadro passou por altos apuros nos últimos anos, tendo sido inclusive roubada em plena luz do dia no já distante ano de 2004. Só para se ter uma ideia, quando foi recuperada “O Grito” tinha graves manchas escuras de água em sua parte inferior, o que foi corrigido depois de passar por um longo período de preservação e armazenamento em baixa iluminação, temperatura e umidade.

Com o tempo ganho, o Museu Munch agora pode se preparar melhor para preparar uma sala especial ao quadro, numa instalação que promete reduzir a umidade relativa do ar a no máximo 45%. De acordo com a Folha, o espaço deve ser inaugurado no segundo semestre deste ano, em teoria ajudando os 250 mil visitantes anuais do museu a prestigiar o trabalho do artista.