Consumo de álcool aumenta em várias partes do mundo durante isolamento social
Situação já chamou a atenção da OMS, que chegou a pedir que os governos limitem o acesso de bebidas alcoólicas durante a pandemia
As pessoas estão bebendo mais álcool durante a quarentena. Pelo menos é o que apontam alguns estudos realizados em diferentes países. Os resultados não são exatamente surpreendentes, mas preocupam os profissionais da saúde. “Sabemos que o consumo de bebidas pode aumentar sob condições estressantes – isso está bem documentado em pesquisas. Mas a pergunta mais ampla que você tem que fazer é: está tudo bem com isso? Eu seria cautelosa e mu perguntaria: existem maneiras alternativas de lidar com o estresse que são mais saudáveis?”, diz Rajita Sinha, diretora do Centro de Estresse Interdisciplinar da Universidade de Yale.
De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Nielsen, só nos Estados Unidos as vendas semanais de bebidas alcoólicas no mês de março aumentaram de 25% para 55%, em comparação com o mesmo período em 2019. Na Europa os números retratam a mesma tendência.
À medida que a quarentena continua em diversos lugares, o álcool vai sendo utilizado como uma solução rápida para lidar com o tédio, a incerteza e o isolamento. No Brasil, segundo uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), as vendas de bebidas alcoólicas em distribuidoras do país aumentaram 38%, enquanto nos mercados o crescimento foi de 27%.
Mas se para algumas pessoas beber pode parecer uma distração para lidar com as ansiedades que a pandemia de Covid-19 tem trazido, para outras pessoas o efeito pode ser justamente o contrário, uma vez que o álcool é considerado pela comunidade científica como um droga depressora.
Outro problema relacionado ao consumo de álcool e o atual momento de confinamento é o aumento da violência doméstica. Como ressalta uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 90% dos boletins de ocorrência em casos de violência contra mulher o agressor estava alcoolizado. Vale ressaltar, ainda, que de acordo com um levantamento feito pela Central de Atendimento à Mulher, só durante o início das medidas de isolamento social no Brasil, entre o fim de março e o começo de abril, houve um aumento de quase 9% no número de denúncias feitas pelo 180.
Segundo o Alcohol Research Group, um centro de pesquisa financiado pelo governo dos Estados Unidos, o grande consumo de álcool pode inclusive afetar o sistema imunológico.
A situação já chamou a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que inclusive chegou a pedir que os governos limitem o acesso de bebidas alcoólicas durante a pandemia. Para a organização, o consumo extremamente moderado é o indicado, inclusive quando a pandemia acabar.
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