Apesar de toda a publicidade, lançamento do Quibi passa batido nas redes sociais

Depois de anos de muito mistério e desenvolvimento, o Quibi enfim foi lançado nos Estados Unidos na última segunda, 6 de abril, com a promessa de ser uma espécie de grande revolução no mercado de plataformas de streaming. É uma proposta que está no cerne do funcionamento do serviço, que busca alinhar a oferta de conteúdo à dinâmica hiperativa das redes sociais com episódios curtos e que podem ser conferidos em qualquer formato – incluindo a orientação do celular.

Se depender da recepção midiática do aplicativo em seus primeiros dias de atividade, porém, o futuro soa bastante difícil ao Quibi. De acordo com uma pesquisa da ListenFirst Media, uma firma de pesquisa especializada em redes sociais, o “buzz” gerado pela plataforma foi muito reduzido comparado aos lançamentos recentes do Apple TV+ e do Disney+ – o que é preocupante se considerar que o segundo também só foi disponibilizado inicialmente nos EUA.

O relatório gerado pela entidade aponta que no primeiro dia de vida o Quibi foi assunto de cerca de 46,554 publicações no Twitter, um número que é 8.6 vezes menor que o gerado pelo streaming da Apple em seu debute e 23 vezes menor que o do Disney+. Os dados coletados da Wikipedia indicam o mesmo problema: se no último dia 6 a página do Quibi no site chegou a 48,600 visualizações, a seção dedicada ao streaming da Disney registrou até 2.8 vezes mais.

Embora muito abaixo da concorrência, a plataforma não necessariamente está em maus lençóis e na verdade mantém uma boa “pegada virtual” na rede, com cerca de 167 mil fãs se manifestando por meio de tweets – e houve um pico de crescimento no dia 6, quando a ListenFirst detectou 20,621 novos admiradores do serviço.

Em termos de conteúdo, os programas que vem se destacando nas redes sociais são justo aqueles que contam com estrelas. Das 50 séries já disponibilizadas, quatro em cada cinco das mais populares nos canais sociais são protagonizadas por celebridades do ramo musical, incluindo aqueles liderados por Jennifer Lopez, Joe Jonas e Chance the Rapper. O assunto mais comentado envolvendo o Quibi no dia do lançamento faz parte desta tendência, aliás, dado que foi o programa de bastidores da turnê de Ariana Grande no aplicativo – que gerou em torno de 5,365 posts no Twitter.

Sobre os dados, o CMO da ListenFirst Tracy David escreve que a reação inicial das redes sociais ao Quibi tem como principal destaque o fato do app “estar gerando conversas em tempo real sobre seus reality shows” mesmo este impacto sendo muito menor aos adversários no mercado. “Parece que o sucesso do Quibi em seus estágios iniciais pode depender do quanto eles conseguem atingir os fãs destes artistas em seus esforços” comenta o executivo, acrescentando ainda que o programa de maior sucesso do streaming até aqui, “Thanks a Million”, chegou a este patamar por “ilustrar o quão valioso são os conteúdos sobre boas ações no momento”.

Em termos de audiência, a companhia se mostra satisfeita com os resultados. Na terça (7), o Quibi divulgou que o número de downloads passou da marca dos 300 mil e que estaria “muito animado com a performance do primeiro dia”. Para efeitos de comparação, o Disney+ registrou 10 milhões de novas contas no mesmo período de tempo.