SXSW 2020: A resistência do South By Southwest
Ou porque o pânico crescente no globo sobre a epidemia do coronavírus não deve impedir a realização do maior festival de criatividade do mundo
Foi há algumas semanas, quando o COVID-19 chegou ao “centro” do mundo (a Europa), que o verdadeiro pânico mundial se instalou. A quantidade de canais de televisão, estações de rádio e páginas de jornais dedicados ao assunto foi diretamente proporcional à quantidade de pessoas que de uma hora pra outra ficaram em alerta máximo com a chegada do novo vírus.
A velocidade com que tudo isso aconteceu provocou situações quase apocalípticas no mundo todo: a falta de papel higiênico nos supermercados da Austrália, a taxação no preço do álcool gel na França e a própria extinção das máscaras de proteção nas farmácias do Brasil.
Eu acredito que o combate à disseminação do coronavírus seria mais eficaz se as pessoas praticassem seu papel de cidadão de forma consciente e responsável: quando se sentir doente, procure seu médico e não frequente lugares públicos para proteger outros. É inegável que o impacto foi muito além da esfera particular, porém, e a lista de eventos internacionais cancelados só aumenta.
Na contramão desse rolo encabeçado pelo Mobile World Congress – cujo prejuízo pode ultrapassar US$ 500 milhões – está o South by Southwest, icônico festival focado na indústria criativa que acontece anualmente desde 1987 em Austin. A organização do SXSW decidiu “ignorar” o crescente pânico em volta do COVID-19 – cujo risco de fatalidade, vale lembrar, está em torno de 2%, o menor entre todas as epidemias virais que o mundo viu desde 1967, incluindo aí o Marberg (80%) e H1N1 (17,40%).
O anúncio da resistência não passou incólume. Houve polêmicas e já circula na internet até um abaixo-assinado contra o festival, com mais de 25 mil assinaturas. Mas convenhamos, de um ponto de vista frio e calculista, nem Brasil ou Estados Unidos estão na lista dos países de maior risco, além de não haver proibições de trânsito entre os dois países.
Isto posto, a decisão de participar (ou não) de um evento global que reúne grande quantidade de pessoas é de cada indivíduo ou empresa. Não seria menos devastador – para a economia e para os ânimos – se todos respeitassem decisões embasadas como essa? Vivemos em 2020, somos adultos, livres e (às vezes) esclarecidos, afinal, e certamente não há necessidade de ofender ninguém com uma opinião diferente da sua.
Claro que estamos todos aqui preocupados com o que pode vir por aí. Mas, por enquanto, espero ir ao evento e me inspirar – como sempre – com ele.
Keep Austin Weird!
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