Os exageros da Lei Cidade Limpa

Eu não critiquei e até concordei com a Lei Cidade Limpa em diversos aspectos. Acredito que a proposta deveria ser mais para o lado do bom-senso, da avaliação caso a caso, do que a proibição total.

Mas enfim, a lei aconteceu de verdade, outdoors foram quase todos dizimados, empresas adequaram suas fachadas, etc. E o visual da cidade melhorou, é verdade. Porém, o Projeto Cidade Limpa não cansa de dar sinais de exagero.

Primeiro foi o caso do avião da Gol. Adesivado através de ação promocional para o filme “Os Simpsons”, correu o risco de não sair do chão. Isso quer dizer que se eu colocar um adesivo qualquer no meu carro posso ser multado?

E hoje caiu mais uma exceção da lei, defendida aos quatro ventos pelo prefeito Gilberto Kassab: não é mais permitida propaganda em pontos de ônibus e mobiliário urbano. Segundo o prefeito, todos as paradas de ônibus receberão uma tarja de propaganda irregular, e a multa será de R$ 10 mil para a empresa que instalou a publicidade e para o anunciante.

Eu pergunto: No que a publicidade dos pontos de ônibus atrapalha?

Não vou dizer que as peças devam ficar ali porque são bonitas, por ter boa direção de arte, porque isso é papo de publicitário e amante da profissão, um lado que não interessa para a população. Mas a veiculação de propaganda nesses pontos colabora para a manutenção dos mesmos e, melhor que isso, para iluminação dos locais a noite, algo que os postes na rua, com manutenção ruim, não conseguem suprir.

São 1.250 abrigos de ônibus na cidade de São Paulo hoje, e as próximas vítimas serão os 350 relógios de rua. A prefeitura arrecada cerca de R$ 140 mil por mês com os dois contratos, ou R$ 1,68 milhão por ano. Quem vai pagar a conta pela manutenção deles?

A Lei Cidade Limpa está indo longe demais, e a prefeitura da cidade parece investir mais tempo e dinheiro nisso do que em outras prioridades muito mais importantes no momento.

| Com Folha de S. Paulo