Depois do fracasso no Oscar, Amazon Studios pula CinemaCon 2020 e vai repensar estratégia de distribuição
Estúdio não fará apresentação no evento para exibidores devido à falta de grandes projetos, mas também porque o modelo de negócios não tem funcionado como deveria
Em meio ao caos que foi a última temporada de premiações, uma ausência bastante importante deve ter passado batida por muitos: a da Amazon. Depois de fazer uma estreia comedida mas bastante contundente em 2019, consagrada na tripla indicação do polonês “Guerra Fria” ao Oscar (incluindo aí a lembrança surpresa no prêmio de direção), a divisão de cinema da companhia de Jeff Bezos praticamente passou batida ao longo das cerimônias deste ano, tendo como únicos “destaques” a vitória de Alma Har’el no DGA e a indicação de “Os Miseráveis” na categoria de filme internacional no prêmio da Academia.
A razão do fracasso é discutida por analistas como fruto de péssimas decisões de campanha que envolveram a dificuldade de escolher um filme para divulgar, mas a verdade é que a “passada em branco” na temporada é também fruto dos resultados nada expressivos da estratégia de distribuição da companhia com seus lançamentos de 2019, que incluiu potenciais sucessos que não se concretizaram como “Late Night”, “A Maratona de Brittany”, “O Relatório”, “Honey Boy” e “Os Aeronautas”. A Netflix, enquanto isso, registrou recorde de indicações e, mesmo com poucas vitórias, segue buscando derrubar a resistência ao streaming no circuito.
Com uma performance tão apática, o estúdio comandado por Jennifer Salke agora está tomando um grande passo pra trás para repensar sua estratégia, um movimento que a companhia deixou claro ao confirmar nesta quinta-feira (13) que não irá participar da CinemaCon.
A CinemaCon, no caso, é um evento realizado anualmente em Las Vegas onde os principais nomes da indústria hollywoodiana se reúnem para apresentar às grandes redes de cinema dos EUA o seu calendário de lançamentos e mostrar o porquê deles abrirem o maior espaço possível para cada um dos projetos. Embora tenha se mostrado adepta da feira desde o início de seus trabalhos, a Business Insider aponta que a Amazon este ano não apenas não fará uma apresentação para os exibidores, mas também vai reduzir o número de executivos presentes no evento para vender os projetos.
A decisão acontece em parte porque a companhia não tem no momento um grande lançamento para anunciar na feira. Se nos últimos 3 anos a Amazon teve projetos ambiciosos ou populares como “Z: A Cidade Perdida”, “Suspíria” e o próprio “Late Night”, até o momento seus únicos projetos à disposição são os dramas “Uncle Frank”, recém-adquirido no Festival de Sundance por 12 milhões de dólares, e “Sound of Metal”, comprado em outubro no Festival de Toronto. O estúdio, porém, ainda precisa acertar o modelo de distribuição a ser seguido para seus maiores lançamentos, dado que a divisão planejada entre o streaming e as salas de cinema no momento apenas vem tirando força de seus projetos mais badalados.
A estratégia deve seguir acontecendo em 2020, porém, com alguns filmes sendo lançados direto na plataforma do Prime Video e outros respeitando a janela de 78 dias entre a distribuição nas telonas e no home video – o que será aplicado com o já citado “Sound of Metal”, que o Business Insider afirma que deve apresentar relatórios de bilheteria. É a presença mínima em um evento tão importante para a indústria como a CinemaCon, entretanto, que indica que há uma leve turbulência ocorrendo neste momento no estúdio.
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