Depois de críticas, Mark Zuckerberg volta a defender Facebook como ambiente de liberdade de expressão
Fundador e CEO da rede social discursou por 35 minutos em palco na Universidade de Georgetown, onde defendeu a plataforma como ambiente democrático e fez duras críticas à censura chinesa
Como sempre, as últimas semanas não tem sido nada fáceis para o Facebook. Além das tretas envolvendo a Libra e as várias acusações de manipulação desonesta de estatísticas para fazer bombar a plataforma de vídeos da rede social, a empresa comandada por Mark Zuckerberg está passando por sérias críticas em respeito ao próprio espaço de debate do site, conforme a companhia não vem tomando medidas para combater as ondas de ódio e desinformação nas publicações lançadas no ambiente.
Mas depois de dias de declarações perdidas em inúmeras entrevistas, Zuckerberg resolveu fazer uma extensa declaração sobre o tema. Na tarde desta quinta-feira (17), o fundador e CEO discursou por 35 minutos em um palco no tradicional Gaston Hall da Universidade de Georgetown, onde também foi gravado para uma live transmitida no próprio Facebook. Durante este tempo, o executivo de 35 anos focou esforços em defender a rede social como um ambiente que promove a liberdade de expressão, chegando a citar nomes como os de Frederick Douglass, Martin Luther King Jr. e até a Primeira Emenda da legislação dos Estados Unidos.
“As pessoas terem o poder de se expressar nesta escala é um novo tipo de força no mundo, um Quinto Estado que se iguala a outras estruturas de poder na sociedade” chegou a declarar Zuckerberg, que também argumentou que “a longa jornada para um progresso grandioso exige o confrontamento de ideias que nos desafiem” e afirmou acreditar que ele e a empresa “devem continuar a lutar pela liberdade de expressão”. “Dar voz a mais pessoas é dar poder a quem não o possui e obriga a sociedade a melhorar com o tempo.” chegou a afirmar na transmissão.
O discurso obviamente busca rebater a colossal onda de críticas direcionadas à rede social após a plataforma confirmar que não vai deletar publicações de políticos mesmo que estes quebrem as regras da comunidade – incluindo aquelas que contarem com desinformação e manifestações de ódio. A informação foi muito contestada em todos os níveis sociais, com governos obrigando juridicamente o Facebook a fazer este gerenciamento em vista do fato da rede ser campeã de disseminação de informações falsas e a principal plataforma online para leitura de notícias.
A eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos também tem ajudado a esquentar o debate em torno da companhia. Embora o Facebook busque se ausentar da missão de moderar os debates e anúncios de sua plataforma, veículos tradicionais da imprensa estadunidense como a CNN, a MSNBC e a CNBC já confirmaram que vão negar a emissão de propagandas desonestas de campanhas políticas, criando uma situação que a princípio joga a plataforma para o lado ingênuo. O cenário ficou ainda mais nervoso depois de no começo do mês o atual presidente Donald Trump lançar um vídeo de 30 segundos que acusava sem provas o ex-vice-presidente Joe Biden de ter feito conluio com o governo ucraniano: enquanto emissoras se negaram a exibir o anúncio, o Facebook se recusou a tirá-lo do ar mesmo depois do próprio Biden pedir ação do tipo.
Além de defender sua companhia, Zuckerberg também fez comentários bastante críticos à China, usando as companhias nacionais como exemplo daquilo que ele não busca tornar o Facebook. O executivo chegou a elencar o TikTok como exemplo de censura, conforme o aplicativo vem deletando postagens sobre os protestos de Hong Kong, além de explicar que é por conta deste tipo de informação que a empresa não opera na China: “Embora nós talvez não concordemos exatamente onde devemos e não devemos abordar assuntos específicos, nós pelo menos podemos não concordar. Isto é o que liberdade de expressão significa.” chegou a declarar o CEO em Gaston Hall.
O discurso feito por Zuckerberg em Georgetown pode ser lido na íntegra na Newsroom do Facebook.
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