Google muda algoritmo para privilegiar conteúdo original do jornalismo nos resultados de busca
Alterações no buscador serão implementadas no esforço de diminuir a perda de audiência dos veículos responsáveis pela emissão original dos fatos
Um dos grandes dilemas do jornalismo nos tempos digitais certamente é a velocidade com que a notícia se dissemina. É uma faca de dois gumes: se por um lado os veículos conseguem um impacto maior em tempo recorde, é inevitável que os grandes percam uma parte considerável do público conforme sites menores e blogs compartilhem a notícia e “sequestrem” parte da audiência para suas estatísticas – algo grave para os profissionais do jornalismo investigativo, que vivem da potência de seus furos nos jornais que representam.
Por ser o principal buscador da internet, o Google é quem mais recebe críticas por acabar permitindo que este ambiente de compartilhamento se perpetue sem que os principais responsáveis pela produção da notícia se beneficiem. Mas esta palhaçada pelo visto está prestes a acabar, conforme a companhia confirmou nesta quinta-feira (12) que aplicou uma série de alterações em seu algoritmo de buscas para privilegiar nos resultados os veículos que lançaram a informação ao público primeiro – em outras palavras, o “jornalismo original” agora é a bola da vez no site.
Em publicação no blog oficial da empresa (e com o título pouco discreto “Elevando a reportagem original nas buscas”, vale dizer), o vice-presidente de notícias Richard Gingras escreve que as mudanças nas diretrizes servirão para “melhor reconhecer” aqueles que lançam as notícias primeiro pelo ato de torná-los mais visíveis na rede. “Os publishers poderão se beneficiar de ter suas reportagens originais mais visíveis” afirma o executivo, que ainda acrescenta que o Google faz de tudo para “ganhar e manter a confiança” dos usuários sobre aquilo que repercute.
“Algumas histórias podem ser tanto criticamente importantes em seu impacto no mundo e difíceis de serem reunidas, exigindo dos repórteres que se empenhem em esforços maiores de investigação dos fatos e fontes” continua Gingras na publicação; “Estes são alguns dos motivos pelos quais nós almejamos apoiar o empenho desta indústria”.
Num primeiro momento, a novidade estará disponível em inglês e deve se estender posteriormente a outras línguas, incluindo aí o português.
O Google não é o único grande conglomerado preocupado com o futuro do jornalismo dentro do meio digital. Enquanto a Apple lançou recentemente o Apple News+ no intuito de ajudar o público a ficar melhor inteirado dos acontecimentos, o Facebook em agosto confirmou que estava contratando jornalistas para fazer a curadoria de uma nova seção intitulada Top News, que destacará as notícias mais importantes do dia aos usuários.
Embora o Google garanta que as reportagens dos grandes veículos vão ganhar um holofote maior nas buscas, ainda não está claro como as mudanças do algoritmo afetarão as dinâmicas dos jornais de médio e pequeno porte ao redor do mundo. Gingras, porém, escreve que a companhia está buscando formas de privilegiar estes veículos no novo formato de organização, citando que pelo menos na cobertura de grandes eventos midiáticos (e ele cita desastres naturais como exemplo) estes empreendimentos devem passar a receber maior destaque no buscador do site.
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