Funcionária acusa Google de discriminação contra empregadas grávidas
Memorando interno vazado revela práticas de retaliação de diferentes gerentes da companhia sobre empregada por ela estar grávida e sair em licença maternidade
O Google de novo está envolvido em turbulências devido a questões envolvendo seu quadro de funcionários. Um memorando escrito por uma funcionária e vazado nas redes sociais acusa a companhia de discriminá-la e criar medidas de retaliação à sua pessoa por ter engravidado.
Intitulado “I’m Not Returning to Google After Maternity Leave, and Here is Why” (“Eu não vou voltar pro Google depois da licença maternidade e aqui está o porquê” em português), o texto de mais de 2300 palavras escancara o comportamento abusivo de uma gerente da empresa, que teria feito comentários preconceituosos à funcionária enquanto estava grávida. A autora diz ter denunciado seu chefe ao RH do Google, mas o departamento pelo visto só respondeu ao caso com manobras ainda mais tóxicas.
“Quase imediatamente depois de minhas discussões com o RH, os comentários de meu gerente sobre mim mudaram de forma drástica. Eu passei por meses de chats e e-mails raivosos, projetos vetados, ela me ignorando em encontros ao vivo e humilhações públicas” escreve a funcionária, que diz ter sido eventualmente transferida para outra equipe. O problema é que ela foi proibida de assumir qualquer trabalho até ter seu filho, com o Google declarando que sua licença maternidade poderia “estressar o time” e “abalar o navio”.
A situação piorou quando a funcionária passou por complicações pré-parto que a forçaram a se afastar do trabalho mais cedo e ficar de cama por ordens médicas: a nova gerente (também mulher) não apenas buscou invalidar a necessidade dela ficar em repouso, mas também chegou a afirmar que seu cargo não estaria garantido quando a funcionária retornasse da licença.
De acordo com o Motherboard, o memorando já foi lido por mais de dez mil funcionários desde que foi lançado na semana passada num quadro de mensagens interno do Google dedicado a mulheres que passam por uma gravidez enquanto atuam na empresa. Em declaração oficial sobre o caso, um porta-voz da companhia afirma que o Google “proíbe retaliações no ambiente de trabalho” e “compartilha publicamente” suas políticas.
“Para garantir que nenhuma reclamação levantada não seja ouvida no Google, nós damos a nossos funcionários múltiplos canais para reportar questões, incluindo de forma anônima, e investigamos todas as alegações de retaliação” escreve a empresa no comunicado.
Embora esta seja a primeira vez que a empresa esteja envolvida em relatos de maus tratos a funcionárias grávidas, o Google nos últimos tempos passou por revelações drásticas no modo de operação do seu ambiente de trabalho. Isso inclui um outro e-mail vazado no fim de 2018 que relatava que quase 50 funcionários haviam sido dispensados após denúncias de assédio sexual e um documento liberado em maio pelo New York Times que atentava para a predominância de empregados temporários para fins de barateamento nos gastos.
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