Estadão faz campanha contra os blogs
| UPDATE 10/08 14:54: A polêmica foi instalada, e isso era óbvio. Alguns estão acusando a blogosfera de exagero, imaturidade, de estar se doendo por pouco. Será? O Estadão não foi sensato em sua campanha, e ponto. Qualquer tentativa de generalização é burra.
Eu fico é muito feliz pelo barulho causado, pois é mais uma das diversas provas de que determinados blogueiros (ou micos, para o Estadão) são capazes de fazer um barulho incômodo.
Alguns comentários tentam amenizar a posição do jornal, encontrar algumas interpretações. Porém, como eu também disse nos comentários: isso não é possível, não existe margem para interpretações nesse posicionamento.
A mensagem é absolutamente clara e generalista: todos os blogs, e mais, TODO O CONTEÚDO CRIADO POR NÃO PROFISSIONAIS, não presta. A campanha é clara ao afirmar: blogs copiam informações, blogs só escrevem bobagem, blogs não tem discernimento.
Sinto muito se não era essa a intenção do jornal, se na verdade o que eles queriam dizer era “tome cuidado com o que lê”. É tarde demais para fazer suposições, nós, blogueiros, só podemos falar do que está no ar, do que está sendo veiculado. Se a intenção era outra, há ainda mais motivos para a campanha estar errada.
Lembrando que em setembro passado (caramba, faz quase 1 ano…), eu, Cristiano Dias (crisdias.com), Mauro Amaral (carreirasolo.org) e o jornalista Alexandre Maron (alexmaron.com.br), gravamos um Braincast inteiro sobre a realidade dos jornais no mundo atual e como as pessoas estão consumindo a mídia impressa em geral, inspirados pela capa da The Economist que pergunta: “Quem matou os jornais?”. Um ótimo momento para relembrar.
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Obviamente, existe muito lixo na internet. Falando especificamente de blogs, dos milhares que aparecem todos os dias, poucos se aproveitam, é verdade. Mas a lei da sobrevivência é a mesma: apenas os com conteúdo relevante e/ou divertido permanecem. A tecnologia avança, mas isso não muda.
Aqui no Brasil, os blogs continuam com uma imagem de “é um diário, só que na internet” aos olhos da grande mídia e das pessoas em geral, e que ainda vai levar um bom tempo para constatarem o óbvio: fonte de informação sempre vai existir a boa e a ruim, seja ela fornecida por profissionais ou por amadores.
O que importa, e isso em qualquer nível, é buscar sempre ler e ouvir diversos pontos de vista, conhecer os dois lados da moeda, e tirar as suas próprias conclusões. Isso parece básico não? Soa repetivivo, certo?
Mas não para o Estadão, que colocou no ar essa semana uma campanha aberta contra os blogs, criada pela Talent. Afim de mostrar sua credibilidade, e que informação de verdade você só pode conseguir no jornal/site (deles), mostram os blogs sob o estereótipo do amadorismo “miguxês”, e perguntam: “Por onde você tem clicado, hein?”
Tudo bem que eles se posicionem dessa maneira, já que o medo da concorrência deve estar apertando, ao perceber que muitos blogs estão ganhando tanta ou mais credibilidade que alguns grandes veículos, que pessoas comuns escrevendo de suas casas conseguem ser mais influentes que alguns ditos profissionais. Para ficar em um exemplo, basta lembrar a grande influência de um certo blog nas eleições e política norte-americana atualmente. (imagine se um NYTimes faz uma campanha dessas?)
Medo também porque milhares de blogs ao redor do mundo estão conseguindo trazer, antes, informações relevantes para um determinado público, ditando tendências e decisões estratégicas de grandes marcas.
Mas o mais curioso, é que o O Estado de São Paulo parece ir contra o seu próprio mercado, onde jornais estão integrando as ferramentas da web e trazendo os leitores para dentro do jornal, convidando-os a participar. A mídia tradicional sempre estará aí, será a líder, mas alguns membros desse segmento ainda terão que aprender a lidar com o novo, pois não tratam-se de “diários virtuais de adolescentes ociosos”, mas de uma mudança social mais do que consolidada.
Convidar as pessoas para que escolham e contestem suas fontes de informação com bom-senso e inteligência é uma coisa, generalizar de forma preconceituosa um universo que tem poder de construir percepções e destruir reputações num piscar de olhos, é estupidez.
Assista o comercial abaixo e veja as três peças da campanha impressa:
| Valeu Sérgio Katz, pela dica da campanha.
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