Rede de fake news da extrema-direita europeia é descoberta no Facebook
Às vésperas das eleições, milhões de europeus estão sendo expostos a propaganda de extrema-direita na plataforma
Disseminação de notícias falsas (as famosas fake news) e conteúdo propagandístico e manipulativo não são algo novo nas redes sociais. Nos últimos anos, porém, este tipo de conteúdo não só começou a ser produzido em larga escala, com projeção internacional e preparo profissional, como também passou a por em cheque a validade de eventos de extrema relevância, como eleições.
Essa nova onda de disseminação de fake news resultou em uma reação das principais plataformas da internet. Empresas como o Facebook, por exemplo, passaram não só a remover conteúdo do tipo, como também agora estão banindo quem o produz e propaga – como o site InfoWars e seu líder, Alex Jones, que disse que os massacres escolares de Sandy Hooks foram armados pela esquerda e que os pais das vítimas eram atores contratados.
De acordo com o DW, o Facebook descobriu (com ajuda do Avaaz) que a situação era ainda pior do que o imaginado. A empresa de Mark Zuckerberg foi informada de que há uma rede com mais de 500 páginas de grupos de extrema-direita que operavam dentro da rede social. Esses grupos disseminavam informações falsas para toda a União Européia. Nesta quarta, dia 22, um relatório foi apresentado e permitiu a remoção do conteúdo, que somava mais de 500 milhões de visualizações apenas nos últimos três meses. Entre essas contas, estavam incluídos perfis relacionados ao partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD).
Na Alemanha, alguns dos conteúdos mais compartilhados por essa rede eram em defesa de Ursula Haverbeck, uma notória defensora da bizarra teoria de que o holocausto não existiu. O Avaaz, ONG americana especializada em ativismo online e que foi responsável pela investigação, exige que o Facebook faça mudanças em seu sistema para monitorar melhor tais eventos. “O Facebook realizou uma operação de emergência ao remover as páginas, mas as redes sociais são muito doentes, isso não é o suficiente”, disse o gerente de campanha da Avaaz, Christoph Schott, que ainda afirmou que a União Européia está afundando na desinformação.
Das 500 páginas denunciadas, o Facebook removeu, até agora, 77 que foram denunciadas entre abril e maio e que, juntas, tinham três vezes mais seguidores do que os seis principais partidos europeus de extrema-direita ou anti-União Européia.
O Avaaz lançou uma campanha exigindo que o Facebook repare o erro. A campanha, chamada “Corrigir o registro”, pede que a plataforma mostre para todos os usuários textos que contradizem aqueles conteúdos identificados como falsos pelos grupos de checagem de fatos. A ideia é tentar, pelo menos, reduzir o impacto causado pela desinformação da gigantesca rede de extrema-direita. Às vésperas das próximas eleições da União Européia, o fato preocupa por ter grandes chances de manipular boa parte do eleitorado.
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