Em meio a escândalo sexual, Kevin Tsujihara deixa o cargo de CEO e presidente da Warner Bros.
Saída do executivo acontece quase um mês depois de seus poderes serem ampliados dentro da WarnerMedia
A Warner Bros. anunciou hoje (18) que Kevin Tsujihara está deixando a posição de presidente e CEO da empresa. Em comunicado oficial à imprensa, o CEO da WarnerMedia John Stankey escreve que é no “melhor interesse” do conglomerado, do estúdio, “dos nossos funcionários e de nossos parceiros” que o executivo saiu da companhia. Stankey, porém, não anunciou nenhum substituto para o cargo.
A saída de Tsujihara acontece quase duas semanas depois do The Hollywood Reporter publicar um artigo que detalhava várias trocas de mensagens entre o então presidente e a atriz Charlotte Kirk, com quem ele nutria um relacionamento amoroso. Pela investigação da revista, o caso levou Kirk a participar de dois filmes da Warner Bros. – “Como Ser Solteira” e “Oito Mulheres e Um Segredo” – sob ordens diretas de Tsujihara.
Ainda que o escândalo seja o grande responsável pela saída do executivo, um memorando enviado aos funcionários da Warner Bros. afirma que a decisão não partiu de ordens superiores mas do próprio Tsujihara. “Após refletir muito sobre como a maior atenção sobre ações anteriores minhas podem impactar o futuro desta empresa, eu decidi deixar a posição de presidente e CEO” escreve o executivo no comunicado interno, ao que acrescenta que sua “liderança contínua poderia ser uma distração ou um obstáculo para o sucesso progressivo” da Warner Bros.
A saída de Tsujihara acontece num momento um tanto inusitado dentro de sua carreira na Warner. Promovido ao cargo de presidente e CEO do estúdio após a saída de Jeff Bewkes em 2013, o executivo tinha acabado de ganhar maiores responsabilidades das mãos de Stankey em virtude do término da fusão da empresa com a AT&T. Além de supervisionar as produções da Warner Bros., Tsujihara ia supervisionar toda a nova divisão do conglomerado focado em produções para crianças e jovens adultos – que incluía os canais Cartoon Network, Adult Swim e Boomerang – e canais menores como a Otter Media e a Turner Classic Movies.
O movimento é impressionante também se considerar que foi nas mãos de Tsujihara que a Warner Bros. passou por um de seus momentos econômicos mais histriônicos de sua História recente. Vindo do comando da área de home entertainment e sem experiência no mercado de cinema, Tsujihara liderou o estúdio na tentativa fracassada de copiar o sucesso do Marvel Studios com os filmes da DC Comics – que foi do acerto com “Mulher-Maravilha” ao desastre financeiro com “Liga da Justiça” – e pela produção da franquia “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, que depois de um primeiro capítulo bem-sucedido registrou uma queda sensível nos índices de bilheteria com “Os Crimes de Grindelwald” no ano passado.
A liderança do executivo, porém, começava a mostrar sinais de correção de rumo em tempos recentes, especialmente depois do estúdio ter cortado laços em definitivo com a RatPac-Dune Entertainment de Brett Ratner e conseguir fazer de “Aquaman” um verdadeiro lançamento arrasa-quarteirão. Os excelentes retornos na TV, que sob a tutela de Peter Roth viu “The Big Bang Theory” se tornar a principal série da TV norte-americana e o the CW aumentar exponencialmente sua audiência, também fortaleceram a ideia de que Tsujihara talvez sobrevivesse ao escândalo midiático e continuasse no comando – o que só reforça como as dinâmicas empresariais de Hollywood podem ter mudado após todo o escândalo de Harvey Weinstein.
Com Tsujihara fora da Warner Bros., a dúvida que fica agora é se os seus planos futuros para o estúdio continuarão vigentes depois de seu substituto ser anunciado. Entre os planos até então divulgados pelo próprio executivo à imprensa, havia uma sequência de “Mad Max: Estrada da Fúria” e um reboot de “Matrix” estrelado por Michael B. Jordan sob fortes considerações internas.
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