Netflix vai ser processada por infringir direitos de “Choose Your Own Adventure” com “Black Mirror: Bandersnatch”
O criador da série, enquanto isso, tem uma resposta pouco agradável para você que não curtiu o episódio interativo
A Netflix dominou as atenções do fim de 2018 nas redes sociais com “Black Mirror: Bandersnatch”, filme-evento do serviço de streaming à partir da série homônima de Charlie Brooker que é basicamente um longa gamificado: Ao invés de seguir passivamente a trama, as pessoas decidiam com o controle os rumos da história do protagonista, tentando evitar que ele desgraçasse a própria vida de todas as maneiras (spoiler: ninguém consegue).
Feito o sucesso e ganha toda a atenção da internet, “Bandersnatch” agora vai esbarrando em algumas polêmicas. A primeira (e mais importante) é que o “evento” da Netflix acabou de ganhar um processo da parte da Chooseco, LLC, editora de livros infantis que afirma que a produção infringiu os direitos do nome de sua série “Choose Your Own Adventure” ao incorporar o termo ao “gênero” por trás do projeto.
Lançado na corte federal de Vermont nesta sexta (11), o processo (que você pode conferir aqui) coloca que a Chooseco vem usando (e lucrando com) a marca do “Choose…” desde os anos 1980, quando a série foi criada. Os livros já tem até os direitos negociados com a 20th Century Fox, que por anos nutre interesse em desenvolver uma adaptação das histórias interativas. A Netflix, enquanto isso, só foi começar a buscar a licença a partir de 2016.
“A Chooseco e a Netflix engataram uma sequência de extensas negociações que duraram um bom número de anos, mas a Netflix não recebeu a licença” afirma o documento, que também diz que a editora mandou em pelo menos uma ocasião um pedido de “cesse ou desista” à plataforma antes que “Bandersnatch” fosse lançado no catálogo e atrapalhasse quaisquer tentativas futuras da publisher em divulgar seu produto.
Em adição a isso, a Chooseco também alega que a Netflix estaria se beneficiando da associação com sua marca, seja pelo fato da imprensa e o público celebrarem a produção pela conexão com a frase “Choose Your Own Adventure” ou pela referência que o filme faz em determinado momento quando o protagonista explica o game que está desenvolvendo ao pai e diz que ele se baseia em um “livro ‘Choose Your Own Adventure'”.
Enquanto a Netflix se prepara para se defender no caso – provavelmente sob o argumento do fair use e de que ela evitou usar o termo na divulgação, segundo o The Hollywood Reporter – o próprio criador da série vai se metendo em polêmicas. Em entrevista ao Huffington Post, Charlie Brooker afirmou não ligar paras as críticas a “Bandersnatch” de um jeito não muito educado.
“Algumas pessoas falam algo como ‘Eu não quero fazer decisões’, ‘Eu não quero fazer nada daquilo’… bom, f*dam-se eles. Vão fazer outra coisa” disse o showrunner e roteirista quando questionado sobre a recepção dividida do público; “E ainda tem aqueles que pensam ‘Ah, é um jogo muito simples’ ou ‘Jogos fizeram isso antes’ – bom, isto não está em uma plataforma de games, está na Netflix.”. No vídeo, que você pode ver aqui, ele ainda responde às críticas de que é impossível fazer o protagonista ter um final feliz com um “Eles já viram ‘Black Mirror’?”.
Independente das polêmicas, “Black Mirror: Bandersnatch” segue disponível no catálogo da Netflix.
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