Instagrammers estão publicando falsos posts patrocinados pra ganharem fama

Quer ser influencer, ganhar dinheiro divulgando marcas para o público e viver uma vida cheia de viagens e festas? Os posts patrocinados são o caminho. Mas veja bem, eles são o caminho mesmo, já que aparentemente agora tem até instagrammer criando branded content falso em seu perfil para chamar a atenção dos grandes conglomerados da indústria.

De acordo com uma reportagem do The Atlantic, alguns usuários estadunidenses da rede social possuída pelo Facebook estão começando a “copiar” os posts patrocinados “oficiais” de influencers já estabelecidos para tentar promover “sua marca” e alcançar o radar de marcas que investem neste mercado.

“Você vê as mesmas coisas de novo e de novo nos verdadeiros posts patrocinados, então fica muito fácil de emular o conteúdo mesmo você não sendo pago pra isso” afirmou por exemplo uma influencer de Los Angeles à revista, quando perguntada sobre o porquê de fazer a prática. Já outro chegou a fingir nas redes sociais que havia sido pago para fazer uma viagem profissional até Miami para em suas palavras “tirar um monte de fotos de restaurantes e postar ‘Muito obrigado ao restaurante XYZ pela hospitalidade'”: “Você diz de uma maneira que as pessoas possam interpretar que você tem uma relação estável com aquela marca” ele declara em entrevista ao Atlantic, ao qual continua dizendo que “A esperança é que você seja percebido de uma forma que pareça que exista uma razão para você estar uma cidade ou estado diferente, não apenas aproveitando um fim de semana de férias”.

Sim, a instagrammer acima aproveitou uma viagem paga com o próprio bolso para fingir que estava sendo patrocinado por uma marca.

A parte mais curiosa desta história toda é que, pelo menos nos Estados Unidos, em teoria não há nada que impeça as pessoas de fazer publicações do tipo. Por mais que a Comissão Federal de Comércio do país defina que anúncios em forma de posts precisam ser declarados ao público, não existe qualquer regulação do tipo para falsos anúncios em plataformas como o Instagram – o que faz sentido, considerando que não há nenhuma negociação sendo feita no processo.

Para as empresas, enquanto isso, a ideia de gente divulgando sua marca por livre e espontânea vontade não é lá tão agradável assim. Enquanto alguns donos de negócios menores ficam felizes com a duplicação (ou até triplicação) do alcance de seus produtos nas redes sociais sem precisar mexer um músculo para isso, fontes ouvidas pela publicação afirmam que a prática pode ser uma dor de cabeça por empobrecer o nível geral do branded content relacionado a seu negócio, já que uma grande parcela das publicações não passa por qualquer controle ou aprovação por parte das empresas. Além disso, há a questão do aproveitamento de má fé envolvido: os wannabe influencers em certo momento podem processar a marca por enganá-la a se submeter a um processo que não tem qualquer garantia de retorno financeiro.

Ao ver da editora-chefe do Fashionista Alyssa Vingan Klein, porém, a culpa da existência desta prática não pode recair nos usuários. “Se uma pessoa com 20 anos de idade vê estas pessoas no YouTube ou no Instagram viajando pelas marcas, eu não vejo o porquê delas não poderem tentar de tudo para conseguir entrar neste negócio.” diz a jornalista em entrevista ao The Atlantic; “Os jovens hoje perceberam que não precisam mais subir uma hierarquia, mas sim cortar o intermediário. Além disso, o que eles sabem sobre este mercado?”.

Vale muito a pena ler a reportagem da revista na íntegra para ver o naipe dos relatos ouvidos pela equipe da publicação. Será que agora, além das fake news, teremos que sofrer com os fake ads também?