Facebook anuncia mudanças de infraestrutura e moderação de conteúdo para 2019
Na mira de organização de direitos civis, empresa atualizou suas diretrizes para monitorar questões como racismo e segurança de dados de usuários
2018 foi um ano difícil para o Facebook, que esteve no centro de um dos maiores escândalos da História na área da tecnologia, o caso do vazamento de dados do Cambridge Analytica. Além disso, a capa do New York Times dessa quarta-feira (19) destaca que o Facebook permitiu o acesso de mensagens de usuários para o Spotify e o Netflix.
Desde então, organizações e membros da sociedade civil, além de parlamentares de diversos países, têm pressionado a empresa a combater a proliferação de fake news em sua plataforma e a moderar práticas de biases, ou de discriminação, entre seus algoritmos de conteúdo, entre outros problemas vistos como ameaça à garantia de direitos civis dos usuários.
Com a hashtag #LogOutFacebook, a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), convocou usuários – especialmente os afrodescendentes – a ficarem ao menos uma semana sem acessarem o Facebook , Whattaspp e o Instagram. A organização americana, famosa por sua luta antirracista de mais de 100 anos, exige do Senado americano uma investigação completa sobre as informações reveladas na última segunda-feira (17) por um relatório do Comitê de Inteligência do Senado, que revelou que companhias russas desempenharam um papel crucial nas eleições americanas de 2016, ao redirecionar conteúdos que atacavam o partido Democratas (da candidata à presidência Hillary Clinton) para eleitores negros da plataforma, maioria entre o público americano no Facebook.
A NAACP também protesta pela falta de diversidade na empresa, além de outros usos polêmicos com os dados dos usuários, e a falta de moderação para conteúdos que apresentam uma visão racista da população negra. A entidade também devolveu ao Facebook uma doação recebida anteriormente pela empresa.
No mesmo dia do início do boicote, o Facebook divulgou o que pareceu ser uma resposta à NAACP, embora não a tenha mencionado. Especialista em combate a políticas discriminatórias na área da tecnologia, Laura Murphy foi escolhida pela empresa de Mark Zuckerberg para divulgar a atualização do documento de direitos civis do Facebook, em nota em que também analisou os avanços e os desafios que ainda estão por vir.
Entre as áreas analisadas por Murphy, destacam-se transparência quanto à infraestrutura da rede, vieses em algoritmos e IA do Facebook, moderação de conteúdo, publicidade, privacidade e transparência, além das táticas de votos que estão entre os principais motivos do boicote da NAACP.
Sobre os grupos que estão levantando as discussões sobre os impactos dos vieses na disseminação de conteúdo no Facebook, Murphy destacou que a preocupação ultrapassa questões identitárias.
“Grupos de Direitos Civis que estão aumentando essas inquietações lutam pela tecnologia, mas também estão comprometidos com a luta contra os vieses; e mais ainda, eles estão preocupados com o impacto da plataforma no discurso público e nas instituições que são a base da democracia americana”, pontuou.
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